Entenda a síndrome do ombro congelado

Segundo pesquisa alemã, a capsulite adesiva pode afetar saúde mental. Fisioterapeuta Walkyria Fernandes explica que o tratamento pode demorar até 15 meses, gerando frustração nos pacientes

 

Ter uma dor física pontual é ruim, mas ter uma lesão que pode levar até 15 meses para passar é ainda mais frustrante. O que era físico passa a atingir também o emocional. Não à toa, um estudo alemão publicado, esse ano, no jornal de Pesquisa Psiquiátrica, aponta que pacientes com ombro travado têm maior risco de sofrer com problemas relacionados à saúde mental. O estudo incluiu 29.258 pessoas com capsulite adesiva e outras 29.258 pessoas sem o problema, e a incidência de depressão foi de 17,5% no primeiro grupo e de 8,7% no segundo. “A capsulite adesiva é uma inflamação da capsula articular do ombro, que fica totalmente aderida e causa limitação da mobilidade, por isso o nome popular de ombro congelado. É um tratamento difícil, longo, de muita dor, principalmente noturna, o que atrapalha o sono do paciente, isso tudo acaba gerando acometimento emocional”, afirma a fisioterapeuta Walkyria Fernandes.
Para o diagnóstico de capsulite adesiva é necessário um exame clínico e um exame de imagem, como a Ressonância Magnética. “É extremamente importante o paciente não ignorar a dor e nem mascará-la com automedicação. É necessário procurar um médico ou fisioterapeuta para que o tratamento seja iniciado o quanto antes e de forma correta”, diz Walkyria. A capsulite adesiva tem três fases: a primeira é a fase da dor e o início da perda da amplitude do movimento. A segunda é a fase inflamatória, com uma importante perda da amplitude do movimento, que aí sim e a fase do “congelamento do ombro”. Já a última, é o “descongelamento”, quando diminui o processo inflamatório e acontece a liberação da capsula articular.

 

“O tratamento pode ser feito com medicação, receitada pelo médico, para combater a dor e com a fisioterapia, que vai ajudar a diminuir a dor, desinflamar e ganhar amplitude de movimento. E na última fase, recuperar a mobilidade, trabalhar reequilíbrio muscular e fortalecimento. O tempo de tratamento vai variar de acordo com a fase que o paciente chega para fisioterapia. A capsulite adesiva pode durar em média 15 meses. Se o paciente chega no início da dor, ele vai ter em média um ano de tratamento. É comum quando ele começa a fisioterapia, ter uma piora e entrar na fase de congelamento, não tem como impedir isso, faz parte das fases da doença”, explica a fisioterapeuta.
Segundo Walkyria, há dores no ombro que são tratadas de formas bem mais rápidas. A capsulite adesiva tem as três fases, que são inevitáveis do paciente acometido pelo problema passar, a pessoa fica desanimada, deixa de fazer coisas que gosta e por isso fica mais propício a desenvolver a depressão. “Há poucas patologias de ombro que geram um problema grande desse, a não ser que seja uma fratura grave que precise de cirurgia ou um tumor. A síndrome do ombro congelado é idiopática, ou seja, não existe causa específica. Quando surge é mais chata para tratar devido ao tempo de tratamento, que pode influenciar bastante o emocional do paciente”, finaliza a especialista.

 

Sobre Walkyria Fernandes:

Walkyria Fernandes é graduada em Fisioterapia pela Universidade Estadual do Centro-Oeste (Paraná) há 18 anos. Tem especialização em ortopedia e traumatologia desportiva, pela Faculdade Evangélica do Paraná. Além disso, conta com uma especialização em osteopatia pela Escuela de Osteopatía de Madrid (EOM) e D.O. reconhecido pela Scientific European Federation of Osteopaths (SEFO). É mestre em Tecnologia em Saúde, pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC), e fez doutorado sanduíche — parte na UniNove, em São Paulo e parte na Universidade de Sevilla, na Espanha. 
Ela, também, é ex-atleta, vice-campeã mundial de Karatê.

A fisioterapeuta clínica ainda é idealizadora do método “Raciocínio Clínico Avançado — RCA 360”, curso on-line que já conta com mais de 5 mil alunos no Brasil e em nove países. Já foi proprietária de uma grande clínica de fisioterapia no estado do Mato Grosso, onde também atuou durante 7 anos como professora de anatomia, na Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMT), no curso de Medicina.


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