É urgente um novo olhar para o trabalho
Por Wagner Rodrigues, especialista em saúde mental no trabalho
Essa semana se comemora o Dia do Trabalho aqui no Brasil e em cerca de 80 países. Uma data para se lembrar das conquistas históricas dos trabalhadores e do movimento trabalhista por redução de jornada e outros direitos básicos.
Vou aproveitar para uma reflexão sobre a relação do ser humano com o seu trabalho.
As discussões sobre equilíbrio entre vida pessoal e profissional ganham cada vez mais força e a redução da jornada é um apelo no mundo todo. Nos últimos anos o aumento do Burnout, como doença ocupacional, e o crescente afastamentos por transtornos mentais relacionados ao trabalho tem preocupado empresas e o governo. Uma pesquisa da TalentLMS e BambooHR com jovens da geração Z, que estão entrando agora no mercado de trabalho, revela que 42% deles deixariam o emprego caso tivessem sintomas de Burnout.
Há muito o que se refletir quanto às mudanças das relações do ser humano com seu trabalho. A reivindicação da redução na jornada de horas, por exemplo, visa a obtenção de se ter tempo livre do trabalho para se divertir, descansar e aprender outras coisas. Partindo deste pressuposto, poderíamos concluir que no trabalho não há tempo livre, nem diversão ou aprendizado de coisas novas. Se esta é a realidade, não deveríamos pensar em mudá-la ao invés de suportá-la para ter uma compensação só mais tarde ou outro dia?
A consistência que nós esperamos, que irá elevar este momento a uma relação engajada com o trabalho, virá do quanto estas pessoas acreditam no que estão fazendo e sentem que aquele trabalho as representa e tem valor para a comunidade.
Esta relação comprometida com o trabalho é possível quando este sentimento de orgulho e prazer é nutrido quando há um ambiente comunitário na empresa, onde cada qual é respeitado como indivíduo nas suas capacidades e limitações, e cada contribuição tem igual importância para o todo. Onde as pessoas aprendem e se divertem porque aceitam a si mesmas e aos outros e expandem suas capacidades criativas.
Quem sabe dentro de um futuro bem próximo nosso chamado de socorro será ouvido? Mayday, mayday, mayday, há muitas pessoas sofrendo no trabalho! E a partir deste dia as máquinas farão o que lhes compete, deixando para a humanidade o que é essencialmente humano, ou seja, criatividade, empatia e propósito. Quem sabe a partir deste dia vamos celebrar uma nova conquista da humanidade.
Sobre a Wagner Rodriguês
Psicólogo, pós-graduado em Comunicação Empresarial e Comunicação de Marketing pela ESPM, MBA com ênfase em Gestão de Pessoas pela FIA-USP,
Com mais de 20 anos como executivo de grandes empresas em cargos de diretor nas áreas de recursos humanos