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Visitamos Abricó, a praia nudista do Rio de Janeiro. Saiba como tudo acontece!

Saiba tudo sobre a praia nudista que fica localizada na Zona Oeste do Rio de Janeiro

 

Por Mike Duarte

Alguma vez se indagou acerca da realidade inerente a uma praia nudista? Presumo que sim!

O naturismo, comumente conhecido como nudismo, é envolto por um manto de tabus ao redor do mundo. Particularmente no Brasil, essa temática revela-se bastante incomum. O silêncio circundante torna o assunto mais do que um mero tabu, elevando-o à categoria de uma barreira cultural robusta que obstrui muitos indivíduos de experimentarem situações que desejariam vivenciar. Assim, cria-se um ambiente propício para o desenvolvimento de preconceitos estruturais.

No Brasil, apenas oito praias são oficialmente reconhecidas como praias de nudismo. Apesar de muitos terem conhecimento desses locais, eles são raramente discutidos e ser “flagrado” em uma dessas praias pode levar a piadas, preconceitos e situações ainda mais desagradáveis.

Se nutre curiosidade acerca do funcionamento de uma praia nudista no Brasil, nós visitamos uma das mais célebres, a Praia Abricó, localizada na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Discorreremos sobre todas as nossas descobertas, incluindo o comportamento das pessoas, a infraestrutura do local e a segurança que ali prevalece.

Praias nudistas são erotizadas?

Até o presente momento, visitei duas praias nudistas. A primeira, Cape D’age, no sul da França, possui uma seção naturista onde a nudez é vista como mero detalhe, permitindo que famílias inteiras circulem despidas, crianças correndo e brincando, configurando uma comunidade bastante conectada à filosofia naturista, sem erotização. Avançando um pouco mais, após uma área bem definida, encontra-se um local de liberdade sexual com diversos casais heterossexuais em estágios preliminares de intimidade à beira-mar. Fora da praia, entre as trilhas, vários casais homossexuais também se divertem. Tudo ocorre com imenso respeito e em áreas demarcadas.

Em Abricó, a atmosfera é ligeiramente diferente. Abricó é a continuação da Praia de Grumari, sendo ambas separadas por uma grande pedra. Muitos visitantes se dirigem à praia comum e de maneira discreta – ou mesmo flagrante – tentam espiar o que ocorre do outro lado. No entanto, a maioria que se dirige à praia comum não se aventura a cruzar a pedra para adentrar, de fato, na praia nudista. Superior à pedra é a barreira cultural que impede que se aproximem para saciar sua curiosidade. O motivo é bastante óbvio: amigos fazem piadas do tipo: “Olha só fulano, estava chegando perto para ver os nudistas” e assim por diante.

Cruzando a pedra e adentrando na praia de Abricó, nota-se claramente um ambiente de “mente aberta”. Cerca de 90% das pessoas ficam nuas, alguns disfarçam com uma canga ou uma toalha, sobretudo as mulheres. Há mais homens do que mulheres, mas todos parecem respeitar a todos. O ambiente em Abricó é muito mais erotizado. Em duas visitas, não observamos famílias com crianças. Logo após a entrada da praia, é possível encontrar homens mais “animados”. Quando uma mulher chega, é uma celebração. Eles se exibem e se mostram disponíveis. Se as mulheres demonstram interesse, eles se aproximam. Se elas não mostram interesse, ninguém parece insistir.

Há heterossexuais brincando ao ar livre em diferentes pontos da praia, sempre tentando não chamar muita atenção. Porém, quando surgem mulheres dispostas a se relacionar com vários rapazes, transforma-se em uma cena digna de “filme pornô” entre as pedras de frente para o mar. Vimos casais em atos sexuais na própria areia, com muita gente passando.

Com o pôr do sol, o ambiente torna-se completamente sexualizado. Com grupos heterossexuais, bissexuais e homossexuais em atos explícitos por toda a praia, não apenas nas pedras, mas também na areia, na água, em todos os lugares. Existe uma versatilidade imensa. Maridos liberam as esposas, esposas liberam os maridos. É um ambiente para pessoas de mente aberta.

Como chegar em Abricó?

Abricó está localizada na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Depois da Praia da Macumba, passando por Grumari, Abricó situa-se em uma região do Rio onde apenas a TIM tem sinal. Tentar conexão com outras operadoras é infrutífero. Não há acesso fácil de ônibus e poucos motoristas de aplicativos se dispõem a buscar passageiros. O ideal é ir de carro ou então organizar a volta com o mesmo motorista. Vimos pessoas com dificuldades para ir embora, inclusive algumas caminhando na escuridão total, por não conseguirem transporte de volta.

É seguro?

Conversamos com pessoas no local durante dois dias. Fomos informados de que existem índices extremamente baixos de assaltos, roubos e furtos no local. Durante o dia, cobra-se entre R$5 e R$10 para autônomos “cuidarem do carro”. No entanto, é aconselhável ser prudente. Se for embora à noite, o ideal é não chamar muita atenção, pois não há luz na saída e nenhum estabelecimento comercial aberto ou algo do tipo. Alguns motoboys ficam na entrada oferecendo “corridas”, mas não é possível garantir sua procedência. O ideal é planejar bem a volta.

Estrutura de Abricó:

Não existem quiosques. Logo na entrada, ainda na praia de Grumari, há um quiosque que funciona apenas durante o dia e fecha bastante cedo durante a tarde. Ele fica distante de Abricó, demandando uma pequena caminhada para ir e voltar. Na própria praia, há uma barraca que costuma estar lá e vende principalmente bebidas alcoólicas e água a preços elevados. Não compensa.

A Praia é uma das mais belas do Rio de Janeiro e possui uma das águas mais quentes da cidade. Mesmo após o sol se pôr, é possível desfrutar de uma água cristalina, limpa e com temperatura muito agradável. Infelizmente, na areia ainda é possível encontrar muito lixo, cigarros, latas de cerveja, embalagens e preservativos. O lugar é um paraíso. Ao entardecer, você parece estar em uma ilha paradisíaca longe de toda a civilização, mas próxima das estrelas, da lua, do céu. No entanto, se chegar mais perto das pedras, encontrará sujeiras e vestígios do caos humano. Apesar disso, a beleza do local não se perde e a praia em si é limpa.

Frequentar a praia de Abricó, ou qualquer praia de nudismo, é uma experiência que requer um nível de autoconhecimento e respeito mútuo bastante elevado. É um ambiente que desafia normas sociais enraizadas e oferece uma experiência de liberdade que pode ser terapêutica para muitos. A nudez coletiva, na ausência de julgamentos e restrições sociais, pode promover uma conexão mais profunda com o próprio corpo e a natureza, o que é a essência do naturismo.

 

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