Cinco projetos artísticos e um de curadoria compõem a mostra, que tem abertura em 30 de junho, às 17h, com entrada gratuita;
Iniciativa do Paço das Artes, realizada há mais de duas décadas, já faz parte do calendário cultural do país e tem a tradição de revelar nomes da arte contemporânea brasileira
O Paço das Artes, instituição da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado de São Paulo, recebe a partir de 30 de junho, a 27ª edição da Temporada de Projetos – iniciativa de mais de duas décadas reconhecida por abrir espaço no circuito cultural para jovens artistas brasileiros. Com entrada gratuita, o público poderá conferir cinco projetos individuais e um trabalho coletivo de curadoria.
Símbolos nacionais, heranças históricas, memória, contexto carcerário e as relações em ambiente virtual são os temas dos projetos selecionados pelo júri de críticos e curadores Guilherme Teixeira, Luciara Ribeiro e Mario Gioia.
A variação e a representatividade em diferentes vertentes da arte contemporânea são pontos de destaque da nova Temporada, exibindo trabalhos que abordam livremente as linguagens artísticas, têm personalidade e são inéditos.
CONFIRA OS TRABALHOS DA 27ª TEMPORADA DE PROJETOS
Thatiana Cardoso (São Bernardo do Campo, SP, 1984) apresenta Os algoritmos te trouxeram até mim. Agora, o satélite me leva até você. “O projeto é todo sobre golpes de amor e estelionato afetivo. São trabalhos em diversas linguagens, como fotografia, vídeo e performance”, revela a artista. O assédio por um suposto soldado norte-americano provocou o interesse de Thatiana em identificar centenas de contas falsas nas redes sociais e, a partir delas, criar, em diversas linguagens e suportes, trocas de correspondências que estimulam as fantasias de possíveis relacionamentos que, por consequência, chegariam aos estelionatos virtuais.
Ana Raylander (João Monlevade, MG, 1995) apresenta a instalação Willian, na pequena sala do Paço, espaço que já foi, de fato, uma cela, em épocas obscuras da ditadura militar, e, agora, ocupada pela artista, procura-se reconfigurar códigos entre encarcerados do país. “Willian, é uma exposição que acontece cinco anos após a minha última individual (Coral de Choros) no Centro Cultural São Paulo, e ambos projetos partem do território conflituoso entre choro e masculinidade”, diz Ana. “Proponho ocupar um espaço inicialmente não usual do Paço das Artes, uma pequena sala de pé direito baixo e sem janelas, que geralmente é destinada ao educativo da instituição”.
Denis Moreira (São Paulo, SP, 1986) apresenta pequenas fotografias impressas sobre madeira constroem três painéis que remetem às heranças afrodescendentes e as possíveis conexões com o cotidiano contemporâneo, na obra Efeito, reação e ação. Ressignificando mitos, as imagens de ritos e máscaras podem apontar para outros caminhos no fluxo do dia a dia. “Em meu trabalho, convido o apreciador a criar uma relação com a obra, observando os elementos que compõem a composição, personalidades retratadas, suas histórias e provocações sociais. Acredito que o trabalho se torna significativo justamente neste encontro, mais nas perguntas que ele desperta do que nas respostas”, revela Denis Moreira.
Democracia e relações sociais permeiam a obra de Gustavo Torrezan (Piracicaba, SP, 1984). “Exercícios cosmopolíticos é uma série de trabalhos produzidos durante a pandemia, em um período e reclusão como medida de cuidado e diminuição da proliferação do vírus COVID-19, então o sentido de mobilidade, mudança, transformação e diferentes modos de pensar e produzir vida está no cerne dos trabalhos”, afirma o artista.
Lembranças de um baile de carnaval, de Karola Braga (São Caetano do Sul, SP, 1988), provoca o sentido do olfato, ativando nossa sensibilidade para memórias de outrora. Um baile de carnaval é sugerido entre perfumes e elementos do fim da festa, pensado dentro de um universo de elementos do início do século XX, entre esculturas de cerâmica, aromas populares e substâncias pertinentes a esse tipo de ambiente. “Como não estamos acostumados a usar nosso olfato em exposições de arte, um cheiro muitas vezes passa despercebido, ao contrário de estímulos visuais ou sonoros. Portanto, o maior desafio ainda é como fazer com que a pessoa que está presente tenha ciência de que aquele cheiro é parte integrante da obra”, salienta Karola.
PROJETO DE CURADORIA
O projeto de curadoria de Allan Yzumizawa (São Paulo, SP, 1993) é intitulado Exercício Ka’a: exposição para seres não humanos. A coletiva é resultado de sua pesquisa no litoral da Paraíba, tendo como convidados quatro artistas de lá que também se interessam por arte, natureza e na desierarquizacão dos embates relacionais. No próprio título Ka’a, de origem no tronco Tupi, encontramos o resumo sugestivo onde a floresta se configura enquanto ser vivo, e os animais, enquanto gente. Os documentos, textos, imagens e obras aqui apresentados são fruto de uma vivência de três dias proposta pelo curador para os artistas Cris Peres, Lucas Alves, Paulo Pontes e Serge Huot.
A Temporada de Projetos do Paço das Artes tem como Patrono o Goldman Sachs.
A programação é uma realização do Ministério da Cultura, Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa de São Paulo, e Paço das Artes, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura. O apoio institucional é das empresas Kapitalo Investimentos, Vivo, Grupo Travelex Confidence e TozziniFreire Advogados. O apoio de mídia é da JCDecaux e Nova Brasil FM e o apoio operacional da Kaspersky e Pestana Hotel Group.
SERVIÇO
Temporada de Projetos 2023
Abertura: 30 de junho, sexta, das 17h às 21h
Visitação: 1º de julho a 1º de outubro de 2023
Horário: terça a sábado das 11h às 19h; domingos e feriados das 12h às 18h
Local: Rua Albuquerque Lins, 1345 – Higienópolis – São Paulo/SP
Entrada gratuita