Será que eu estou ficando louca?

Apesar de esse ser um questionamento que pode ser levantado por N motivos, temos que concordar que essa pergunta paira muitos relacionamentos por aí. E se você nunca passou por isso, com certeza conhece alguém que já passou ou está passando.

E dentre inúmeros termos que surgem para nomear e dar forma a atitudes nocivas do nosso cotidiano, todo esse processo de duvidar da própria sanidade hoje é conhecido como gaslighting.

Vamos entender de onde surgiu essa palavra?

Esse termo vem com o filme “À meia luz“, ou “Gaslight“, de 1944, que conta a história de um homem que quer o dinheiro de sua esposa. Para isso ele a manipula mudando diariamente coisas sutis na casa, incluindo a intensidade das luzes a gás, onde diminuía um pouquinho a cada dia (daí o nome), e quando ela questiona, ele afirma que tudo está normal. Resultado? Ela passou a duvidar da própria sanidade!

Na minha humilde opinião essa é uma das formas mais didáticas para entender o que é o gaslight.

Esse é um tipo de agressão que se introduz aos poucos e toma conta da nossa vida sem ao menos percebermos. E infelizmente, nosso modus operandi tem uma fonte de culpa inesgotável, então a cada dúvida ou afirmativa de que estamos perdendo a noção da realidade, o adoecimento piora.

E sim, o adoecimento dentro dos relacionamentos é MUITO real, como uma mão invisível que te aperta e te sufoca, e vamos ser realistas, não depende apenas da força de vontade para sair de uma situação dessas.

Em momentos como esse precisamos ser estratégicas, muitas vezes a vítima consegue perceber que tem algo de errado, mas a mente fica tão bagunçada que é complicado ver com clareza a situação. Então, se você realmente quer ajudar, mostre que está ao lado dela, nessas horas o apoio é muito mais importante do que jogar um holofote na situação de abuso, até porque o abusador sabe bem em qual ferida tocar para te distanciar ainda mais da pessoa.

Converse, acolha e mostre apoio, tire o foco da relação nem que seja por algumas horas. Se possível, introduza o assunto de maneira branda, sem apontar o dedo, o famoso “sabe o que eu ouvi em um podcast esses dias?”, ou indique textos, livros, podcasts, filmes e séries que abordem o assunto, referência é tudo! Mas que fique bem claro que NADA substituiu uma ajuda profissional, essa é a melhor indicação para todo e qualquer caso.

Estar na posição de vítima ou ser rede de apoio não é fácil, o processo para sair disso é complicado, e curar o que foi machucado é um caminho longo, mas ele existe e é possível de trilhar.

Indicações

Lembrando que trazer assuntos como esses é essencial, não porque gera polêmica ou cliques, mas sim para que pessoas que estejam passando por algo parecido saibam identificar e consigam dar o primeiro passo para sair dessas situações. 

É nóia minha? – Xô, boy lixo

É nóia minha? – Não é você, sou eu… #términos

Bom dia, Obvious – #170/ o que vem depois de uma relação tóxica? com Manuela Xavier

 

Depoimento que inspirou o texto 

“Namorei por quase 5 anos, esses namoros de ensino médio, sabe? Com o tempo comecei a notar que estava cada vez mais me distanciando dos meus amigos e deixando de fazer as coisas que gostava, logo entrei pra faculdade e isso começou a ficar mais intenso. Ouvia muito que minhas atitudes eram ruins, que meus amigos não eram boas pessoas e que apesar de eu tentar ajudá-lo em diversas situações, eu que era a errada, inclusive, apesar de não fazer nada o dia todo, ele dizia que não estava em uma situação ruim porque queria, sim fui ong de macho (me desculpa Déia Freitas). Com tudo isso acontecendo fui ficando mal, ansiedade muito forte e com um controle das emoções muito fraco. Foi um caminho difícil até conseguir realmente botar um fim na relação e depois de muito custo terminei arrasada, não me conhecia mais. Hoje, 2 anos depois, me sinto mais confiante porque tive ajuda de amigos próximos e faço terapia, não vou falar que foi um caminho fácil, muito menos que estou 100% livre de tudo que aconteceu, mas o processo terapêutico me ajudou muito a identificar essas situações com mais facilidade, a me entender e impor limites.”

Precisa de ajuda ou quer que mais pessoas se informem sobre pautas importantes como essa? 
Mande um e-mail para ola@dideesmagazine.com.
Lembrando que todo esse processo é anônimo e que entraremos em contato antes de publicar a sua história. 

 

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