Acho que o lançamento da Cantiga (como eu carinhosamente gosto de chamar) foi uma surpresa para os adolescentes, agora adultos, que pegaram o boom dos livros distópicos em meados de 2012, e pode me incluir nessa lista, viu!
Caso você não tenha participado desse evento canônico mediado pelo Tumblr, o livro narra a história do jovem Coriolanus Snow, que acontece cerca de 60 anos antes dos Jogos Vorazes para qual nós fomos apresentados na trilogia Jogos Vorazes, Em Chamas e A Esperança, que posteriormente viraram filmes.
Tá, mas onde está a surpresa, Barbara?
Quem conhece a história, sabe que o Presidente Snow, nesse caso Coriolanus, é um dos personagens mais odiados dessa geração leitora, então por que contar sua história de origem? Pra ter uma redenção? A gente sabe que isso é muito difícil. Mas calma que tudo faz sentido no final, tanto do livro quanto desse texto.
A história começa mostrando uma Panem 10 anos após a guerra que ainda está fragilizada. A narrativa nesse início foca na vida da Capital, que tenta se reerguer, enquanto uns acenderam socialmente ou já se estabilizaram, outros ainda sofrem muito com os reflexos e traumas da guerra, como a família Snow, que luta para sustentar Coriolanus, retratado como a esperança de a família voltar a toda sua glória. Nisso, sua prima Tigris e a avó dos dois, carinhosamente apelidada de Lady Vó, se desdobram para manter as aparências sem perder o pouco que lhes resta.
Agora que você já se ambientou com a atmosfera da história, podemos ter uma breve visão do que esperar do livro.
Coriolanus estuda na mais renomada escola da capital, e lá muitas pessoas diretamente ligadas ao Jogos Vorazes são professores, e exatamente no último ano dele nessa escola, eles decidem que 24 alunos da Capital serão mentores dos tributos, como uma maneira de deixar tudo mais interessante e fazer com que as pessoas de toda Panem assistam aos jogos, e é claro que essa oportunidade poderia alavancar a vida do jovem protagonista. Ele só não contava que seria mentor de uma jovem do Distrito 12, considerado o mais fraco de todos, Lucy Gray Baird. O foco de Coriolanus era claro: se Lucy Gray não ganhasse, pelo menos seria uma grande atração para os expectadores.
Acredite ou não, isso daqui não é nem metade do livro, e eu fiquei me perguntando o que mais teria para contar? E a partir daí foram vários plot twists, que eu espero que você descubra por conta própria.
A história passa por conflitos éticos dos personagens principais, que são constantemente colocados à prova e tomam decisões que guiam não só o presente como suas vidas de maneira definitiva.
Até que ponto a sede por poder ou a crença pessoal do que é certo ou errado devem ser seguidas? Seria o amor um sentimento capaz de vencer todas essas barreiras?
E vou além, você como leitor, apenas um observador de toda essa história, consegue decifrar os personagens de uma maneira que te faça entender o porquê de cada decisão?
Confesso que o livro ficou uns bons meses parado na minha prateleira, mas quando realmente peguei para ler, fui transportada para todo esse mundo que Suzanne Collins criou com maestria, me senti com 13 anos de novo e a história não decepcionou.
Não, essa não é uma narrativa que vai trazer redenção para um personagem odiado, por mais que haja momentos em que você tenha pena dele. O livro vem para mostrar o porque do Presidente Snow desgostar tanto da Katniss na trilogia, prepare-se para encontrar algumas referências, o que levou a toda essa crueldade e sadismo, e também para nos fazer pensar sobre o quão longe alguém pode ir para conseguir o que quer e como as influências sociais podem moldar a sua visão de mundo quando você é visto como um produto.
Sim, você terá conflitos éticos e sim, você vai terminar o livro de queixo caído, e vai valer muito a pena!
Ah, e não para por aí, o livro já está com seu filme prontíssimo e estamos na contagem regressiva para a estreia, que é no dia 15 de novembro de 2023, não sei vocês, mas eu estou muito animada para poder rever um pouquinho desse mundo nas telonas.