Além dos palcos: A realidade desafiadora da The Eras Tour no Brasil

Desde junho, a comunidade swiftie — nome dado aos fãs de Taylor Swift — espera ansiosa pela chegada da The Eras Tour, turnê que reúne todas as eras da cantora, ao Brasil. Porém, o que era pra ser um sonho, devido às decisões tomadas pela empresa organizadora, Tickets 4 Fun, se tornou um pesadelo.

Com altas temperaturas no Rio de Janeiro, cidade que recebeu o primeiro show da turnê, diversos fãs começaram a apresentar mal estar já na fila do evento. Dentro do estádio, a entrada com águas era restrita, uma atitude desrespeitosa com os fãs, visando apenas o lucro da empresa, que vendia água a valores exorbitantes dentro do estádio.

Devido a essa situação em que a empresa expôs o público, o que era pra ser a realização de um sonho se tornou uma grande frustração: muitos fãs enfrentaram dificuldades para assistir ao show devido à falta de organização e à ausência de medidas para minimizar os impactos do calor excessivo. Infelizmente, um óbito foi registrado em decorrência desses eventos, e Ana Clara Benevides, aos 23 anos, faleceu devido a uma parada cardíaca provocada pelo calor.

Ana veio de Rondonópolis, no Mato Grosso, e fez sua primeira viagem de avião para ver o show da The Eras, de Taylor Swift, de quem era grande fã. Infelizmente, ela não voltou para casa. A notícia da morte de Ana Clara causou comoção em todo o país, especialmente entre os fãs de artistas nacionais e internacionais. Nas redes sociais, as pessoas começaram um abaixo-assinado em nome do projeto “Lei Ana Benevides”, em homenagem à garota, pedindo que as produtoras ofereçam água gratuitamente em eventos de grande porte.

Nas redes sociais, os fãs compartilharam outras dificuldades enfrentadas no evento: além da restrição à entrada com água, o local apresentava ventilação precária e piso de estrutura metálica, intensificando a sensação térmica e aumentando o risco de mal-estar durante o show. Além disso, relatos indicam que, ao buscar auxílio no ambulatório devido ao mal-estar causado pelo calor excessivo, alguns fãs foram surpreendidos com a sugestão de tratamento com Rivotril, um medicamento calmante utilizado para crises de ansiedade, o que gerou confusão, já que a condição era relacionada ao calor. Em vídeo gravado por fã, é possível perceber que até a própria cantora, Taylor Swift, estava extremamente desconfortável com a temperatura do local. Durante o espetáculo, a cantora pediu diversas vezes por água, jogando para o público, percebendo a situação.

No dia 18, previsto para o segundo show no mesmo estádio, os fãs encararam as filas sob o calor intenso, mesmo com todos os problemas apresentados no primeiro dia. No entanto, o show não ocorreu: a empresa anunciou o adiamento uma hora antes, quando grande parte do público já se encontrava dentro do estádio. Embora seja compreensível o adiamento devido à situação, essa decisão deveria ter sido comunicada antes, evitando que os fãs se deslocassem, considerando que já tinham enfrentado o pico de calor naquele momento.

Ainda nas redes, os fãs relataram que foram retirados do local em uma situação perigosa, sem qualquer suporte ou segurança por parte do estádio. A decepção com a empresa organizadora crescia, tornando a experiência ainda mais frustrante para esse público. Embora o show tenha sido remarcado para o dia 20, segunda-feira, muitos fãs não poderão aproveitar a experiência nessa nova data. “Não consigo retornar na segunda, me sinto traumatizada”, compartilhou uma fã em seu Twitter. Portais criados por fãs, como o Update Swift Brasil, tomaram atitudes que deveriam ter vindo da empresa organizadora: conseguiram um patrocínio da empresa Minalba, de água, para distribuição de um caminhão de garrafas de água gratuitamente dentro do evento.

Essa situação, que inclui a tragédia ocorrida, evidencia a necessidade de uma profunda revisão nos direitos dos fãs no Brasil, muitas vezes desrespeitados. Como clientes, esse público merece suporte da justiça para garantir seus direitos básicos. Em suma, a aprovação do projeto de Lei Ana Benevides é essencial, incorporando medidas que visem proteger esses fãs e assegurar uma experiência mais segura em futuros espetáculos, evitando tragédias semelhantes. Em relação à empresa organizadora, é essencial que seja responsabilizada por eventuais problemas na condução do evento. As circunstâncias, que lamentavelmente resultaram na perda de uma fã e em diversas situações desafiadoras para outros presentes, demandam a implementação de medidas imediatas e uma minuciosa revisão nas práticas de segurança de eventos desse porte. As ações a serem tomadas devem visar não apenas corrigir eventuais falhas, mas também aprimorar significativamente os protocolos de segurança, assegurando um ambiente mais seguro para futuros eventos.

Esperamos que este incidente seja um alerta para uma transformação na forma como os eventos são planejados e realizados pelas empresas de entretenimento em geral, com uma ênfase clara na segurança e no bem-estar do público. Este é um momento essencial para refletir sobre a necessidade de proporcionar aos fãs experiências culturais seguras e positivas, preservando completamente a sua integridade.

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