Na última terça-feira, 5, a francesa Lacoste, com direção criativa de Pelagia Kolotouros, desfilou para a temporada de outono-inverno 2024/2025 na icônica quadra de Roland Garros, dentro do calendário da Paris Fashion Week – que começou em 28 de fevereiro e terminou agora, 5 de março – marcando seu retorno ao calendário da moda. Para a sua estreia em Paris, a respeitada designer greco-americana reenergizou a Lacoste no espírito do Années Folles, quando René Lacoste – também conhecido como “o crocodilo” – era o tenista número um do mundo e Paris era a capital mundial da criatividade através das artes. A alfaiataria forte, as linhas e os gráficos nítidos realçam o diálogo entre moda, esporte e – particularmente – arte, que é tão central na cena criativa de hoje como foi na época de René.
A decisão de lançar a coleção neste local se deu justamente para representar a herança da maison e explorar essa fusão. Foi a primeira vez que um desfile aconteceu na quadra central de Roland Garros, sede da primeira competição francesa de tênis, criada excepcionalmente após a vitória de René na Copa Davis, nos Estados Unidos. Para a cenografia do show, foi criada uma duna com o saibro, a fim de trazer feminilidade, brincando com as curvas na justaposição às retas, distorcendo-as e retirando os ângulos. A primeira ilustração do crocodilo Lacoste, criada em 1927 por René e pelo artista Robert George, foi revisitada com um design disruptivo em toda a linha e se apresenta também na configuração do desfile como elemento decorativo, em homenagem à herança da Lacoste.
A partir de um forte intercâmbio colaborativo dentro da equipe de design, encabeçado pela recém chegada diretora criativa Pelagia Kolotouros, a ideia para a nova coleção foi trazer à tona os códigos do tênis e referências de arquivo, trabalhando a ressonância do que a modalidade é hoje e do que era na década de 1920, com René. O DNA do esporte e da Lacoste foram explorados em conjunto, já que há realmente uma ligação intrínseca entre eles. Assim, ao fundir herança e contemporaneidade, a rigidez do esporte foi suavizada, tornando estes códigos mais universais e democráticos ao combinar sofisticação, sensualidade, praticidade e estilo para o dia a dia. As linhas se retorcem, os ângulos desaparecem e as curvas surpreendem enquanto Kolotouros desenha um novo caminho a partir do modernismo elegante das décadas de 1920 e 1930.
A começar pela aventura americana do jovem René, a estilista explora referências como a polo de tênis Lacoste original de 1933 e as pregas do esporte, em lã, com listras e com etiquetas de arquivo “Chemise Lacoste”. Um jacquard estilo Pop Art é estampado com inspiração na vitória de René na Copa Davis.
Já a volta vitoriosa do tenista é contada através de novas proporções na alfaiataria, com sutis contrastes de caimento combinados em uma única silhueta. Continuando a metáfora esportiva, as saias plissadas, concebidas com base nas usadas pela campeã de tênis Suzanne Lenglen aparecem em sarja clássica para um look impecavelmente ajustado, enquanto as pregas em couro transformam um símbolo esportivo em um código de design. Peças utilitárias como tops esportivos, parkas e puffers fundem moda e função. As malhas de nova geração atualizam o estilo antigo dos clubes de campo para os dias de hoje. Casacos com modelagem ampla acentuam a liberdade de movimento, deslizando facilmente sobre tops e jaquetas justas para um visual fluido e progressivo.
Clique aqui para acessar todos os looks desfilados no retorno da Lacoste às passarelas com a primeira coleção da nova diretora criativa Pelagia Kolotouros.
Os itens essenciais icônicos incluem um casaco de lã de caxemira bordado à mão com um crocodilo amarelo ampliado que lembra as varsity jackets. Assim como bolsas de viagem vintage bem estampadas, bolsas bucket com efeito croco lembram a mala de crocodilo prometida a René Lacoste por seu técnico Allan H. Muhr antes da Copa Davis de 1923. Em outra referência à história de origem da maison, uma impressão fotográfica de René Lacoste quebrando uma bola aparece em uma série de full looks.
No desfile, cruzaram a ‘‘passarela’’ peças nas quais todos os gêneros podem encontrar o seu lugar – uma forma de se reconectar com o passado de René e ao mesmo tempo se dirigir à geração futura –, convergindo graça e sofisticação, desempenho e conforto, estrutura e facilidade. As cores também refletem a saga Lacoste, passando do preto sensual para a terracota da quadra de saibro, com toques contrastantes de azul celeste, grama com o verde Lacoste, e branco puro, um emblema de vitória dentro e fora da quadra. Por sua vez, os tecidos misturam a modernidade com a base histórica da marca. Multifacetados, materiais técnicos para performance são incorporados em tecidos mais sensuais como renda e seda, além de têxteis naturais e sintéticos em novas e diferentes proporções de cortes.