Em meio às diversas abordagens sobre saúde e bem-estar, é comum encontrar orientações conflitantes sobre o controle de peso e os hábitos alimentares. Entretanto, alguns princípios fundamentais permanecem inabaláveis, como a compreensão de que a manutenção de um peso estável vai além do simples número na balança.
Ao longo dos anos, nosso corpo passa por mudanças significativas, especialmente no que diz respeito à composição corporal e ao metabolismo. Nesse contexto, é essencial considerar não apenas o peso total, mas também a proporção entre gordura e massa magra.
Entender a diferença entre perder peso e emagrecer é crucial para adotar estratégias eficazes na busca por uma vida mais saudável. Acompanhe a seguir algumas dicas do Dr. Gabriel Almeida, médico, especialista em Cirurgia Geral (RQE 121513), escritor e professor, para alcançar e manter um equilíbrio adequado entre peso, composição corporal e saúde:
1) “O importante é manter o peso estável, independente do percentual de gordura”
Imagine que, aos 20 anos, você pesa 60 kg. Possui uma boa massa muscular e um baixo percentual de gordura. Aos 40 ou 50 anos, quando os níveis hormonais sofrem grandes quedas, se você mantiver os mesmos 60 kg, mas com pouca massa muscular e um alto percentual de gordura, poderá desenvolver síndromes metabólicas e resistência à insulina. Portanto, o fundamental não é apenas manter o peso, mas sim a proporção entre gordura e massa magra.
2) “O objetivo é perder peso”
Há uma diferença entre emagrecer e perder peso. Peso é a massa multiplicada pela força da gravidade; é a medida da massa total sob o efeito da força de atração da Terra. Você pode perder peso e ainda estar ganhando gordura, da mesma forma que pode estar ganhando peso e ainda estar emagrecendo, pois perder peso simplesmente significa “diminuir o número na balança”, e a balança mede quilograma-força (KGF), sem considerar a proporção de gordura e massa magra.
O emagrecimento vai além disso. Envolve a redução do corpo com mínimas alterações ou, de preferência, aumento do volume de massa muscular. Quanto mais massa magra no organismo, maior o gasto calórico em repouso e mais rápida a queima de gordura.
3) “Atividade física dá fome”
Quem afirmou isso com certeza é sedentário. Na verdade, o contrário é verdadeiro: praticar atividade física reduz o apetite. O International Journal of Sports Medicine publicou um artigo intitulado “Efeitos de diferentes exercícios físicos na concentração de leptina em adolescentes obesos” (tradução livre para o português).
A conclusão foi clara: tanto o exercício aeróbico, como caminhada rápida ou corrida, quanto exercícios de resistência, como musculação, levaram à diminuição da resistência à leptina. A leptina é uma proteína composta por 167 aminoácidos, responsável pelo controle da ingestão alimentar, aumento do gasto energético, além de regular a função neuroendócrina, o metabolismo da glicose e de gorduras. A atividade física, ao diminuir a resistência à leptina, está associada à redução da fome e da compulsão alimentar.