Câncer infantojuvenil é hereditário?

Especialista responde dúvidas frequentes nos consultórios e reforça recomendações

O Instituto Nacional de Câncer (INCA) estima que no triênio 2023/2025 ocorrerão, a cada ano, 7.930 novos casos de câncer em crianças e jovens de 0 a 19 anos de idade. Para a Sociedade Brasileira de Oncologia Pediátrica (SOBOPE), cada vez mais, é preciso chamar a atenção para os sinais de alerta com vistas ao diagnóstico precoce e esclarecer mitos e verdades relacionados ao câncer infantojuvenil.

 

Naturalmente, familiares e amigos envolvidos na rotina diária do paciente com câncer apresentam inúmeras dúvidas relacionadas ao surgimento da doença e ao que é ou não recomendado fazer no período de terapia (veja abaixo). Segundo os especialistas, apesar de administrarem restrições nesta fase, é essencial que os responsáveis ajudem a garantir uma boa formação social e educacional para crianças e jovens.

 

Para o Dr. Neviçolino Pereira, oncologista pediátrico e presidente da SOBOPE, na medida do possível, os pacientes infantojuvenis não devem deixar de ter suas experiências. Caso surjam janelas de oportunidade, vale conversar com o médico. “Por mais cuidados e recomendações que existam, é necessário que continuem brincando, se relacionando entre si e realizando as atividades habituais, sempre que o tratamento permitir”, explica.
Qual a origem do câncer infantil?

Um dos primeiros pontos de dúvida é a origem da doença. Muitos acreditam que o câncer infantil é somente de natureza hereditária, o que não é verdade, segundo Dr. Neviçolino de Carvalho. “O câncer infantil não está diretamente ligado a hábitos alimentares e ausência de atividade física, não se pode atribuir a predisposição genética como o único fator de risco. Em torno de 10 a 15% dos casos de câncer estão relacionados a síndromes de predisposição genética – a maioria ainda é de origem desconhecida”, afirma.
Como fica a vida escolar do paciente?

Outra questão recorrente é sobre a frequência escolar. Segundo o presidente da SOBOPE, a participação presencial nas aulas dependerá da fase de tratamento do paciente e da decisão de seu oncologista. “Há etapas do tratamento em que há maior risco de infecções devido à queda das células de defesa causada pela quimioterapia e radioterapia. Neste caso, o recomendado é não frequentar a escola. O melhor momento de voltar às aulas deve ser orientado pelo médico que trata a criança”, pondera o oncologista.

 

Há restrição à prática de atividades físicas?

Considerada de fundamental importância, a prática de atividades esportivas também deve ser avaliada caso a caso. De acordo com o especialista, a terapia contra o câncer pode provocar anemia e diminuição das plaquetas e, nesse contexto, as atividades físicas não são recomendadas. “Novamente, cabe uma avaliação do profissional que acompanha o tratamento”, reforça.
Quais as recomendações para praia e piscina?

Poder ou não frequentar piscina e praias é mais um ponto que gera questionamento entre jovens e familiares. “Em geral, a maioria dos pacientes tem cateteres centrais e, em muitos momentos do tratamento, estão vulneráveis à infecção. A pele fica mais sensível. Portanto, o recomendado é não liberar até que o quadro evolua e o oncologista permita”, responde o presidente da SOBOPE.

 


Sobre a SOBOPE

Fundada em 1981, a SOBOPE tem como objetivo disseminar o conhecimento referente ao câncer infanto-juvenil e seu tratamento para todas as regiões do País e uniformizar métodos de diagnóstico e tratamento. Atua no desenvolvimento e divulgação de protocolos terapêuticos e na representação dos oncologistas pediátricos brasileiros junto aos órgãos governamentais.

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