A cultura maranhense é rica e diversificada, com tradições e histórias que merecem ser contadas. Buscando “jogar luz” — como diz com suas próprias palavras — sobre essa cultura, Marcelo Botta dirigiu “Betânia”, um filme que narra a vida de uma senhora de 65 anos, moradora de um povoado homônimo. Para saber mais sobre a história do filme e a carreira de Marcelo, a D’idées Magazine conversou com o cineasta sobre sua trajetória de quase 20 anos no mercado audiovisual brasileiro.
A jornada de Marcelo no mercado audiovisual é uma verdadeira história de paixão. Desde cedo, aos 14 anos, ele já demonstrava um interesse genuíno pelo mundo da edição, começando a editar fitas VHS de sua família. Essa experiência inicial, seguida por um impactante documentário sobre uma cadeia superlotada aos 15 anos, moldou sua visão e seu desejo de contar histórias. “Acho que desde então eu já tinha essa ideia de que queria fazer isso”, diz Marcelo.
Com uma carreira que começou na televisão, Marcelo lembra de seu início no canal Fiz TV, uma plataforma inovadora para monetização de conteúdo, e sua passagem pela MTV. No entanto, seu sonho sempre foi o cinema. “Fiz toda uma história na TV, no streaming, mas eu queria muito chegar no cinema, fazendo um cinema que expressasse tudo que eu acredito que um bom filme precisa ter.”
Ao longo de quase 20 anos no mercado audiovisual, Marcelo testemunhou inúmeras mudanças, especialmente com a ascensão do digital e do YouTube. Ele reflete sobre como essa transformação abriu novas possibilidades de produção com menores orçamentos e a migração para o streaming. “A regra é sempre a mesma: tem que ter audiência. Não adianta no cinema, no streaming ou na internet, a gente tem que se conectar com as pessoas.”
A transição de Marcelo para o cinema, especialmente com seu longa “Betânia”, trouxe novos desafios e recompensas. Ele destaca a diferença entre trabalhar com televisão ao vivo e a produção de um filme, onde a possibilidade de repetir cenas e ajustar detalhes oferece uma maior liberdade criativa. “Eu gosto muito desse caminho da realidade fantástica”, comenta Marcelo, sobre sua abordagem de usar efeitos de maneira sutil.
Produzir “Betânia” em meio a um cenário político e econômico desfavorável foi um desafio significativo. Sem o apoio do Ministério da Cultura e com a Ancine paralisada, Marcelo e sua equipe tiveram que encontrar formas de financiar o projeto. “Contando com uma equipe maravilhosa, muito talentosa, conseguimos fazer o filme acontecer”, celebra Marcelo.
O lançamento de “Betânia” no Maranhão é particularmente simbólico. Com um elenco 100% maranhense e uma profunda celebração da cultura local, Marcelo espera que o filme ajude a aumentar a visibilidade do estado tanto no Brasil quanto no exterior. “Eu acredito que o filme é muito feito pro brasileiro”, diz ele, destacando a conexão emocional que os espectadores brasileiros têm com a história e os personagens.
“Betânia” já teve uma recepção calorosa em festivais internacionais, com aplausos de pé e sessões lotadas. Marcelo está otimista e espera que o filme continue a encantar e tocar o público brasileiro. “Acho que o filme tem alguma força que as pessoas querem ver, e a gente torce para que isso só cresça agora aqui no Brasil.”