Clarissa Müller, 24 anos, é uma talentosa cantora, compositora e atriz. Indicada ao Grammy Latino de Melhor Artista Revelação aos 21 anos, a carioca possui uma trajetória artística notável, com participações em filmes como “Ana e Vitória” e “Me Sinto Bem com Você”. Além disso, Clarissa se destaca no cenário musical com seu EP “Clarissa” e os álbuns “Para-Raio” e o mais recente “Agridoce”. Sua sonoridade mescla pop, rock e MPB, incluindo hits como “Nada Contra (Ciúme)”.
Clarissa vai além da música em suas redes sociais, revelando que levantar bandeiras sociais e políticas sempre foi uma questão natural para ela. Representando a bissexualidade de forma leve e verdadeira em suas músicas e nos papéis que assume, Clarissa também utiliza suas plataformas para abordar assuntos sociais e políticos relevantes. “Nunca tive dúvidas se iria ou não incluir esse tipo de assunto, se iria ou não levantar alguma bandeira; sempre foi muito claro para mim que eu seria esse tipo de pessoa”, pontuou Clarissa.
Em 2018, Clarissa estreou em seu primeiro longa-metragem, o filme “Ana e Vitória”, dirigido por Matheus Souza. Ela interpretou Cecília, par romântico de Ana Caetano, cantora que faz parte do duo Anavitória, que dá nome ao filme. O casal Ana e Cecília ganhou grande impacto nas redes sociais, já que, nas palavras de Clarissa, “a comunidade estava sedenta por casais sáficos, por representatividade, principalmente que fossem uma classificação indicativa mais baixa”. Ela ainda relembra que vem de um momento cultural em que a maioria das obras com casais sáficos — de duas mulheres — tinha um conteúdo mais pesado, com teor sexual.
Ana e Vitória veio em sentido contrário desse tipo de conteúdo. É uma comédia romântica leve, que retrata a ascensão do duo Anavitória, mostrando também seus relacionamentos. Clarissa afirma que não esperava o impacto do filme, principalmente com o casal Ana e Cecília, que, seis anos após o lançamento, ainda é comentado nas redes sociais. “Eu fui muito de coração aberto e sem saber no que estava me metendo, porque nunca tinha feito um filme, foi meu primeiro trabalho como atriz […] foi uma surpresa muito grata”, afirmou Clarissa.
Durante esse período, pudemos ouvir pela primeira vez a doce voz de Clarissa no Spotify. O filme tem uma trilha sonora original, gravada com Ana, Vitória e outras participações. Algumas canções, como “Dói sem Tanto”, “Cecília” e “Ai, Amor”, têm a participação de Clarissa, que, até então, apenas se arriscava em alguns covers em seu Instagram. “Foi muito legal, mas foi um desafio. Eu lembro de estar muito nervosa para gravar, mas sem transparecer isso. E tem muita coisa ali que eu mudaria na minha interpretação, que eu me critico, mas recebo muitos feedbacks positivos dessas músicas e acho que é isso que importa”, relembrou a cantora carioca.
Em 2021, Clarissa lançou oficialmente sua carreira musical com o EP homônimo, que possui cinco músicas: “Ela”, “O Vento Leva, o Vento Traz”, “Bem Me Quer, Mal Me Quer”, “Pro Nosso Azar” e “Xodó”. “Começamos a trabalhar nisso em 2019, e acabou que lançamos no meio de 2021. Mas é legal pensar assim, que demorou um pouquinho para esse trabalho tomar forma […] porque uma coisa levou a outra, e sinto que tudo aconteceu no tempo certo”, disse Clarissa.
Nesse EP, Clarissa lançou a música “Ela”, que fala sobre o amor entre duas meninas. A compositora contou que, antes de ser uma música, “Ela” era um poema escrito em um caderno da faculdade, jogado embaixo de sua cama. Um tempo mais tarde, em uma sessão de composição com Bárbara Dias, que a auxiliou nas letras do EP, uma melodia foi criada, o resto da letra surgiu e então, “Ela” nasceu como podemos ouvir hoje.
Em 2022, “Para-Raio”, seu primeiro álbum, veio ao mundo com 11 faixas, incluindo uma colaboração com a cantora Day Limns. Em 2024, Clarissa lançou “Agridoce”, com sete canções. Relembrando seus álbuns, ela diz que sente que seu último lançamento é muito mais velho que Para-Raio. “Quando comparo lado a lado […] acho que Para-Raio vem de uma pessoa mais mal resolvida, mais confusa, em um lugar pior, e Agridoce vem de alguém que entende essas emoções ruins, entende a melancolia, mas não é essas emoções ruins. Então, fico muito feliz de comparar […] e enxergar todo esse avanço musical, tanto na produção, que é super crédito da Moodstock, quanto na harmonia, na melodia, na letra, que é uma parte mais minha. Fico muito feliz mesmo de ver esse crescimento, essa evolução”, disse Clarissa.
E agora, no segundo semestre de 2024, Clarissa sairá em turnê com seu último lançamento: a Agridoce Tour será dividida em duas partes, assim como o álbum, e já tem três datas confirmadas. O primeiro show será realizado na capital paulista, na Casa Rockambole, com ingressos esgotados. Além de São Paulo, Clarissa também se apresentará no Rio de Janeiro e em Belo Horizonte. “Eu fiz um pocket, uma festa de lançamento do álbum, e foi muito legal, eu vi feedbacks muito maneiros, e me deu muito gás pra voltar pros palcos, pra fazer essa turnê. Eu tô além de animada, eu tô maravilhada com essa ideia”, afirmou Clarissa sobre a sua turnê.
Além de ser uma mulher bissexual, Clarissa também consome e contribui com artistas da comunidade. Por isso, pedimos para ela algumas recomendações de artistas LGBTQIAP+ que ela gosta e escuta. A resposta foi:
“Carol Biazin é uma menina absurda, inclusive eu ouvi algumas coisas do álbum novo dela que vocês ainda não ouviram e tá absurdo, tá incrível! O Jão, mas eu vou recomendar o Jão? Ele não precisa ser recomendado, tá ligado? A Ana Gabriela, eu acho a voz dela lindíssima, é uma menina talentosíssima, e a Ana Vilela, uma menina talentosíssima e um ser humano incrível, super recomendo ela, vale a pena conferir!”
Se você é fã do trabalho de Clarissa, fique por aqui e não perca a segunda parte da nossa matéria exclusiva. Em breve, traremos mais da nossa entrevista detalhada, explorando a trajetória da artista nas telas e nos palcos. Conversamos sobre música, cinema e seus próximos projetos, como o curta-metragem Mania, dirigido por Maria Luísa Alves, um romance sáfico juvenil no qual Clarissa desempenha o papel da jovem Clarissa, escrito especialmente com sua atuação em mente.