Honeysuckle Weeks

Honeysuckle Weeks: de volta a brilhar

Honeysuckle Weeks é a capa da edição de agosto/setembro da D’IDÉES. Ela trilhou seu caminho como uma atriz aclamada na Inglaterra, onde conquistou grande prestígio por seu talento. Após se afastar para focar no cuidado de sua saúde mental, ela retorna aos palcos e está pronta para compartilhar sua poderosa jornada de luta, resiliência e seus planos para o futuro em uma entrevista exclusiva.
Ouça a playlist feita pela Honeysuckle, enquanto lê a matéria:

Quando se pensa no Reino Unido, muitas imagens vêm à mente: a majestosa família real, os icônicos marcos históricos e a rica mistura cultural que combina tradição e inovação. “A terra da rainha”, famosa por seu refinamento e charme aristocrático, também é um berço  de criatividade e expressão artística. O legado literário, teatral e cinematográfico do Reino Unido é imensurável, moldando e refletindo a sociedade em suas diversas formas.

Em meio a esse cenário cultural, onde histórias são construídas com a mesma dedicação que as coroas são criadas, encontramos personalidades que se destacam por sua habilidade de encantar e emocionar. É aqui que conhecemos Honeysuckle Weeks, uma atriz cuja carreira espelha a profundidade e a diversidade da arte britânica. Foi essa mensagem que a nossa fotógrafa Irina Klimovich quis capturar em cada clique de sua câmera, em fotos exclusivas feitas na cidade histórica de Windsor, onde Honeysuckle estava passando uma temporada com a peça “Accolade”, que marca seu retorno aos palcos.

Honeysuckle Weeks: de volta a brilar
Windsor, foto por Irina Klimovich
Honeysuckle Weeks para D'Idées Magazine
Honeysuckle Weeks para D'Idées Magazine, foto por Irina Klimovich

Conversar com Honeysuckle é embarcar em uma jornada que explora não apenas o brilho de seus papéis e performances, mas também as nuances de uma vida dedicada à arte, oferecendo um vislumbre de sua alma e paixão que definem seu caminho.

“Eu sempre fui uma criança muito sensível,” compartilha Honeysuckle Weeks, um brilho de nostalgia em seus olhos, “Eu não mudei muito”. Falar com Honeysuckle é tão acolhedor que parece que nos conhecemos há anos. Enquanto conversávamos, ela me apresentou sua encantadora casa, que possui um lindo jardim, repleto de verde e natureza. Em meio a esse refúgio sereno, ela encontra a paz que sempre valorizou.

Crescida em Sussex, no interior da Inglaterra, sempre esteve cercada pela beleza tranquila das plantas, lagos e animais. 

Havia um lago. Eu tinha pôneis, tinha florestas para brincar. Tinha um antigo moinho, onde eu comia os biscoitos que faziam lá, depois de moer o milho. E eu comia os biscoitos do moinho como um mimo, feitos a partir do milho e da farinha que eles moíam, assavam no moinho e transformavam em pequenos biscoitos. Eu costumava comê-los com um copo de leite e depois ia pescar um peixe com as mãos no rio.

Essa conexão com a natureza é algo de que ela não abre mão até hoje. ”E isso muda o seu espírito. Isso torna seu espírito puro.”, conta. E com a nossa conversa, também aprendi que existem 23 tipos de libélulas. O Sussex é um lugar mágico,  de interesse científico específico, porque há espécies de formas de vida lá que não crescem em nenhum outro lugar. 

Em sua casa, também há uma biblioteca, um espaço dedicado a um de seus hobbies preferidos: a leitura. Eu perguntei qual livro ela me recomendaria a leitura, “The Go-Between, por LB Hartley”. Nas horas vagas, ela me conta que gosta de ler, principalmente poesias e Shakespeare, quando se sente estressada. Pintar quadros e andar a cavalo também estão entre suas atividades preferidas. A combinação de sua sensibilidade, amor pela natureza e paixão pela leitura ajudou a moldar sua dedicação aos palcos e, assim, tocar o coração do público.

“Eu sempre fui uma criança muito sensível,” compartilha Honeysuckle Weeks, um brilho de nostalgia em seus olhos, “Eu não mudei muito”. Falar com Honeysuckle é tão acolhedor que parece que nos conhecemos há anos. Enquanto conversávamos, ela me apresentou sua encantadora casa, que possui um lindo jardim, repleto de verde e natureza. Em meio a esse refúgio sereno, ela encontra a paz que sempre valorizou.

Crescida em Sussex, no interior da Inglaterra, sempre esteve cercada pela beleza tranquila das plantas, lagos e animais. 

Para quem mora ou morou no Reino Unido com certeza o seu rosto é familiar. Honeysuckle conquistou a todos com seu talento e sua capacidade de interpretar personagens complexos e envolventes. Foi dando vida a personagem Samantha Stewart, na aclamada série de TV “Foyle’s War”, que ela cativou o público com sua autenticidade e profundidade emocional, consolidando sua posição como uma atriz querida e respeitada na Inglaterra. Desde jovem, ela demonstrou uma habilidade natural para atuar, o que a levou a se destacar em diversas produções teatrais e televisivas. 

Honeysuckle Weeks para D'Idées Magazine, foto por Irina Klimovich
Honeysuckle Weeks para D'Idées Magazine, foto por Irina Klimovich

Eu era uma exibicionista nata e adorava ser observada e reconhecida, e ter minhas emoções compreendidas.

Com apenas seis anos, ela já descobriu sua vocação. “Eu estava em um vilarejo local, e me permitiram cantar uma música chamada “The Snowman” de Howard Blake. E isso me emocionou tanto. Eu fiquei em lágrimas ao cantar junto com essa trilha sonora, que era cantada por um garoto do coral. A música era sobre um boneco de neve que ele havia feito e com quem fez amizade. Esse boneco de neve ganhou vida, tornou-se um ser vivo, e ele voou com ele pelos céus até o Polo Norte para encontrar o Papai Noel. E naquele momento, enquanto eu cantava a música, pensei: eu tenho que fazer isso para viver. Logo depois, estreei na Lullaby League em “O Mágico de Oz” como bailarina.”, que foi o seu primeiro trabalho profissional, ela conta, “Eu ficava na ponta dos pés”. 

A partir de então, ela estudou teatro e assinou com uma agência de talentos. Como toda criança, que tem um artista como inspiração, para Honeysuckle foi Mia Sara, que estreou com Tom Cruise no filme “A Lenda (Legend)”. Mas sua verdadeira motivação foram seus pais, que também tinham o sonho de serem atores e, diferente dela, foram desmotivados a seguir essa carreira. O apoio deles foi crucial para Honeysuckle. “Minha mãe fazia tudo. Ah, ela foi a melhor mãe de todas. Ela foi tão apoiadora, me incentivava e me dava confiança, sabe, ela era maravilhosa.” O que não devia ser fácil, com três crianças pequenas. “Minha irmã ajudou muito a minha mãe. Eu também a ajudei. Minha irmã ajudou minha mãe com as tarefas domésticas. Eu ajudei minha mãe emocionalmente.”, ela é a mais velha de três irmãos, que também seguiram a carreira de artista quando mais novos.

Honeysuckle Weeks sempre teve um brilho especial, algo que seus pais perceberam desde cedo. Com um apoio inabalável de sua família, especialmente de sua mãe, ela pôde explorar seu talento e criatividade de forma plena. Aos 11 anos, Weeks foi selecionada para um papel em “A Far Off Place”, uma produção Dreamworks para a Walt Disney Pictures produzida por Steven Spielberg e dirigida por René Manzour. No entanto, quando Spielberg se afastou do projeto, seu papel foi reescalado com Reese Witherspoon. Embora tenha perdido essa oportunidade, não desanimou. Logo em 1993, ela conquistou o papel principal de Kitty Killen na adaptação televisiva de Goggle-Eyes, de Anne Fine. Com essa performance, Honeysuckle capturou o coração do público britânico, revelando-se como uma atriz talentosa e promissora.

A partir desse momento, ela passou a protagonizar uma série de projetos, sempre mostrando uma maturidade incomum para sua idade. O que seguiu surpreendendo até sua adolescência.

Honeysuckle Weeks para D'Idées Magazine
Honeysuckle Weeks para D'Idées Magazine, foto por Irina Klimovich

Bem, eu tive que me concentrar quando estava na escola, realmente me concentrar, porque tinha um tempo limitado para aprender as matérias, já que estava sempre trabalhando. Então, eu tive três meses, quatro meses para fazer meus A-levels, porque passei o primeiro ano atuando e o segundo ano também atuando. E, por isso, tive que estudar muito e me concentrar.

Ser uma adolescente estrela da televisão despertou muita inveja entre os colegas, mas seus verdadeiros amigos foram inspirados por ela e também se tornaram atores. “Eles pensavam ‘se ela consegue fazer isso, eu consigo fazer isso também’ e eles fizeram muito bem!”.

Honeysuckle começou sua carreira profissional no Festival Theater de Chichester, um teatro muito famoso construído por Sir Laurence Olivier, o mais renomado ator inglês de todos os tempos. “No meu último espetáculo lá (2010), que foi ‘Pygmalion’, tive o privilégio de estar no camarim de Olivier”, conta. Honeysuckle interpretou Eliza ao lado de Rupert Everett, que fez o papel de Henry Higgins. “Foi uma experiência incrível, mas, infelizmente, recebi críticas terríveis.”, ela me contou rindo: “Lembro-me de uma crítica específica que dizia: ‘A produção maravilhosamente encenada por Phillip Prowse foi prejudicada pela atuação de Honeysuckle Weeks como Eliza, que mais parecia uma gaivota doente.’ Foi, sem dúvida, a pior crítica da minha carreira. Embora tenha recebido muitas críticas positivas ao longo dos anos, essa ainda é lembrada por mim, e eu percebi o quão difícil é interpretar um papel que já foi vivido por um ícone (Audrey Hepburn)”.

O sucesso como atriz não impediu a adolescente Honeysuckle de ser uma aluna exemplar. Seus pais investiram bastante em proporcionar a ela a melhor educação possível, e Honeysuckle tinha o objetivo de concluí-la, sendo aceita em uma faculdade de prestígio. E assim fez, mesmo que isso tenha exigido alguns sacrifícios em sua vida pessoal. Honeysuckle ingressou na Universidade Pembroke College, em Oxford, onde estudou Inglês e se formou com honras de segunda classe superior, o que representa um alto nível de desempenho acadêmico. Ela também passou um tempo estudando arte no John Hall Pre-university Course em Veneza, na Itália. Tudo isso enquanto equilibrava sua promissora carreira de atriz, que estava em pleno auge.

Em 2002, foi escalada para interpretar Samantha Stewart na série de TV Foyle’s War, uma premiada série de detetive ambientada em Hastings durante e após a Segunda Guerra Mundial. Ao lado de Michael Kitchen, Honeysuckle participou de todos os episódios das oito temporadas, transmitidas entre 2002 e 2015. A série fez bastante sucesso no Reino Unido, disponível em streamings na Europa e EUA, e teve críticas até em sites brasileiros.

“Eu interpretava papéis infantis, mesmo sendo adulta, até que tive meu próprio filho. E só então ‘me tornei madura’ e comecei a atuar de uma maneira mais madura. O meu diferencial, minha aura, era minha ingenuidade inocente, minha falta de malícia, minha pureza. E eu perdi essa inocência.”

Aviso de Gatilho e Faixa Etária (+18)

Conteúdo de abuso emocional e psicológico, suicídio, abuso de substâncias. Recomendamos que a leitura seja feita com cautela e que indivíduos com sensibilidades a esses temas ou que possam precisar de suporte adicional considerem a possibilidade de buscar ajuda profissional. Esta matéria é adequada para leitores com mais de 18 anos devido à natureza dos assuntos tratados. Se você ou alguém que você conhece está enfrentando dificuldades relacionadas aos temas mencionados, sugerimos que procure apoio de um profissional de saúde mental ou entre em contato com serviços de ajuda especializados. Sua saúde mental e bem-estar são importantes.

Honeysuckle Weeks para D'Idées Magazine, foto por Irina Klimovich
Honeysuckle Weeks para D'Idées Magazine, foto por Irina Klimovich

Isso aconteceu devido a um conturbado relacionamento. Até então, sua carreira estava estável, e com seu talento cativante, ela conquistava cada vez mais admiradores de seu trabalho. 

“Eu me casei com um homem que era muito perigoso. Muito brilhante, mas muito perigoso. Um psicopompo.” Um psicopompo* é alguém que te arrasta para o inferno. E também foi nessa época em que Honeysuckle teve suas primeiras crises que afetaram sua saúde mental, e depois foram diagnosticadas como transtorno bipolar.

*No Inferno de Dante, a primeira parte de sua épica A Divina Comédia, o poeta é guiado pelos círculos do inferno por Virgílio, que atua como uma figura psicopompa, conduzindo Dante através das profundezas do submundo. Um psicopompo, na mitologia, é aquele que acompanha as almas dos vivos ao reino dos mortos, um guia que ajuda a atravessar o limiar entre vida e morte. Ao se referir a seu ex-marido como um psicopompo, Honeysuckle compara a influência dele em sua vida a essa jornada sombria, uma descida ao ‘inferno’ pessoal, simbolizando o impacto profundo e destrutivo que ele teve em sua saúde mental e emocional durante esse período turbulento.

Seu marido era um hipnoterapeuta, que é um terapeuta especializado em hipnoterapia, uma prática que utiliza a hipnose como ferramenta para tratar diversos problemas de saúde mental, emocionais ou comportamentais. Durante uma sessão de hipnoterapia, o terapeuta induz o paciente a um estado de relaxamento profundo ou transe, no qual a mente está mais aberta a sugestões. Esse estado é usado para ajudar o paciente a acessar o subconsciente e trabalhar em questões como ansiedade, fobias, hábitos prejudiciais (como o tabagismo), e até mesmo traumas. Embora a hipnoterapia possa ser benéfica para muitas pessoas, ela apresenta alguns riscos, especialmente para pessoas com transtorno bipolar.

Para entender melhor, conversei com a psicóloga Iramaia Cardoso sobre como funciona essa terapia e como afeta uma pessoa diagnosticada com esse transtorno. “A hipnose é uma técnica que pode abrir determinadas “caixinhas” fechadas e inconscientes, criadas para proteger nossa psique ao dificultar o acesso a dinâmicas psicológicas que poderiam ser prejudiciais ao nosso funcionamento ético, emocional e comportamental exigido pela sociedade. Em teoria, ela pode trazer à tona qualquer transtorno psicológico ou psiquiátrico que esteja controlado. No entanto, o profissional que aplica a hipnose não tem como prever exatamente o que será revelado nem como ajustar a intensidade dessa liberação. Isso pode, infelizmente, agravar ainda mais o estado do paciente.”, ela explica.

Foi um grande desafio para Honeysuckle Weeks aceitar o tratamento para o transtorno bipolar. No início, ela lutou contra o diagnóstico, acreditando que sua hiperatividade e criatividade eram simplesmente características de sua personalidade, em vez de sintomas de uma condição mental. “Foi difícil, foi muito difícil, e eu não aceitei por muito tempo. Eu pensava,’não, não, não, não é bipolaridade. Eu só sou hipercriativa, sabe? Eu só sou diferente das outras pessoas’ era isso que eu pensava. Mas então, eu comecei a perder a cabeça com esses episódios de euforia com mais e mais frequência. Me colocaram em um tratamento, o que não funcionou, porque eu era resistente ao tratamento. Então, continuei tendo esses episódios, e minha mãe teve que cuidar do meu filho, o que foi difícil.”

Honeysuckle Weeks para D'Idées Magazine, foto por Irina Klimovich
Honeysuckle Weeks para D'Idées Magazine, foto por Irina Klimovich

Isso acabou afetando drasticamente sua carreira, e foi durante esse período que Honeysuckle teve uma reunião com a produtora da aclamada série ‘The Crown’, Suzanne Mackie, para discutir o papel de Rainha Elizabeth II. No entanto, ela estava à beira de um colapso nervoso, e o papel acabou sendo interpretado pela atriz Claire Foy. “Minha carreira começou a ser um desastre”, ela conta.

Honeysuckle enfrentou uma jornada muito desafiadora com seu transtorno bipolar, passando por períodos de medo intenso e constante. “Eu tinha um pensamento recorrente – um sintoma comum em pessoas com transtorno bipolar – de que teria que sofrer eternamente em uma roda de fogo.” A aceitação desse diagnóstico e a adaptação ao tratamento foram processos longos e difíceis para ela. 

Eu costumava escapar dessas sessões, às vezes uma ou várias vezes, e também tentava fugir da ala, porque não achava que pertencia ali. Mas, com o tempo, comecei a aceitar que estava recebendo ajuda, e não que estavam tentando me 'encarcerar' injustamente. Demorou para eu realmente acreditar que tinha essa condição.

Durante os momentos mais intensos de sua luta, Honeysuckle passou por períodos de comportamento extremo e decisões impulsivas, impulsionadas por uma sensação profunda de condenação. “Eu estava totalmente convencida de que minha vida estava prestes a acabar de forma terrível,” reflete ela sobre o sentimento de iminente desastre. Esse pensamento distorcido a levou a ações que, em retrospecto, parecem estranhas e arriscadas. “Se você acha que vai sofrer algo terrível a qualquer momento, começa a tomar medidas desesperadas, como fazer seguros de vida com altos retornos para sua família.” Ela descreve como essa perspectiva a levou a se envolver em comportamentos de risco, pensando: “Bem, se eu vou morrer de qualquer forma, talvez seja melhor me matar agora para evitar sofrer.” Assim, ela enfrentou episódios de comportamento autodestrutivo durante suas fases de euforia. “Esse é o tipo de coisa que eu fazia quando estava em euforia, o que definitivamente não é ideal.” 

Nesta época, seu casamento também não estava contribuindo para sua melhora. “Ele dizia que, se eu o deixasse, eu enlouqueceria. E ele me hipnotizava.” Seu ex-marido, que era hipnoterapeuta, contribuiu de maneira que agravou ainda mais seu estado. “Chegou o momento em que eu realmente consegui deixá-lo, o que foi muito difícil. Eu acreditava nele. Porque ele me dizia o tempo todo: “Você vai enlouquecer, você vai enlouquecer.” O tempo todo. Ele me provocava, era isso que eu ouvia. E ele fazia esse clique estranho com os dedos, como um hipnoterapeuta faria.” 

A mídia britânica não hesitou em explorar a situação vulnerável de Honeysuckle Weeks, publicando artigos tendenciosos que não contribuíram positivamente para sua recuperação. Essa abordagem irresponsável é infelizmente comum quando se trata de celebridades enfrentando dificuldades pessoais. Tais práticas não apenas perpetuam o estigma e o preconceito em torno de questões de saúde mental, mas também falham em cumprir o dever essencial dos jornalistas de tratar assuntos importantes para a sociedade com responsabilidade. A mídia deveria se dedicar a fornecer uma cobertura precisa e reflexiva que apoie a conscientização sobre a saúde mental, em vez de sensacionalizar histórias apenas para gerar audiência. É crucial que os jornalistas abordem questões sensíveis com cuidado e promovam a compreensão, em vez de contribuir para narrativas prejudiciais.

Mesmo assim, Honeysuckle teve a coragem de se afastar e reconstruir sua vida, um ato que demonstra uma resiliência extraordinária. Esses momentos de crise foram uma parte dolorosa de sua jornada, mas também a ajudaram a buscar ajuda e a trabalhar em direção a uma gestão mais eficaz de sua condição.

Honeysuckle Weeks para D'Idées Magazine, foto por Irina Klimovich
Honeysuckle Weeks para D'Idées Magazine, foto por Irina Klimovich

Minhas finanças ficaram caóticas, e foi muito difícil aceitar que eu tinha um problema sério, sabe? Mas uma vez que eu aceitei, ficou mais fácil, porque eu apenas tomo minha medicação e sigo em frente. Minha medicação me deixa bem cansada e meio letárgica, mas funciona. A medicação é a resposta com transtorno bipolar: você tem que tomar a medicação, é simples assim.

Honeysuckle Weeks demonstrou uma coragem imensa ao enfrentar não apenas os desafios do transtorno bipolar, mas também ao compartilhar sua jornada com o mundo. Sua determinação em buscar ajuda e superar os momentos mais sombrios é um testemunho de sua força interior. Apesar das dificuldades, ela encontrou a coragem para falar sobre sua experiência e inspirar outros, afinal, quem está passando por uma situação semelhante pode se apoiar em sua força. Foi o que aconteceu com ela também. “Uma das minhas personalidades preferidas é um homem chamado Stephen Fry.”, ela conta. “Ele fez um documentário sobre ter transtorno bipolar, e isso me fez perceber que não era uma coisa tão ruim assim. E se ele podia continuar a escrever livros e fazer todas as outras coisas… Não há razão para eu não conseguir seguir minha vida normalmente e ser produtiva e útil para a sociedade.”

Para manter uma vida saudável, ela adaptou sua rotina, mudou seus hábitos e estilo de vida. “Permita que as pessoas te ajudem. Eu gosto de garantir que durmo o suficiente e de me exercitar, isso ajuda. Além disso, procuro comer bem. Também tomo muitos medicamentos. São tipos diferentes.”, conta. Foram 7 anos se curando.

Honeysuckle encontrou uma força imensa em seu amor pelo filho, que se tornou sua maior motivação para continuar o tratamento e seguir em frente com sua vida. A maternidade trouxe uma nova perspectiva para sua jornada, oferecendo conforto em meio às dificuldades. “Foi a minha grande consolação, a maternidade, durante um casamento terrível,” ela compartilha, revelando como seu filho se tornou um presente divino após suportar tantos desafios. “Meu filho foi meu presente de Deus por aguentar muito mau comportamento.”

Esse amor incondicional a levou a ser mais seletiva em aceitar novos projetos. Honeysuckle passou a priorizar o tempo com seu filho, recusando muitas oportunidades para estar ao lado dele. “Porque eu quero passar tempo com meu filho. Eu quero estar com meu filho,” ela afirma, destacando o valor que ele tem em sua vida. “Meu filho me ama incondicionalmente.”

Honeysuckle Weeks para D'Idées Magazine, foto por Irina Klimovich
Honeysuckle Weeks para D'Idées Magazine, foto por Irina Klimovich

Honeysuckle transformou sua história e experiência na clínica psiquiátrica em um roteiro intitulado Devils on Horseback. Escrever se tornou uma atividade que redefiniu sua carreira. “Escrevi muitos roteiros. Um deles se chama The Coming Queen, que é sobre Eleanor de Aquitânia, conhecida como ‘A Águia’ porque governava tanto a Inglaterra quanto a França no século XII. Eu escrevi um “faction” (parte fato, parte ficção) sobre as vidas de J.M. Barrie e Charles Dodgson (Lewis Carroll, famoso por ‘Alice no País das Maravilhas’)” Todos esses roteiros foram comprados por Bill Kenwright, um renomado produtor de teatro e cinema inglês.

“Vivi muitas emoções diferentes. Muitas emoções intensas”, compartilha, destacando o que a capacitou a contar tantas histórias.

Honeysuckle também pensou em desistir de sua carreira como atriz, especialmente durante um período difícil em que trabalhou como ajudante de cozinha na casa de uma amiga, onde antes havia sido convidada para jantares e festas. “Trabalhei como lavadora de pratos para o National Trust por um ano e três meses. E eu pensei comigo mesma, ‘a sua carreira está acabada. Vai ser uma lavadora de louças pelo o resto da sua vida’, ela conta, rindo. No entanto, foi nesse momento que Bill Kenwright, o mesmo produtor que havia comprado seus roteiros, veio para lhe mostrar que havia esperança. “Você gostaria de interpretar o papel do fantasma ‘Elvira’ na peça ‘Blithe Spirit’ de Noël Coward?’ E eu disse, ‘gostaria? Eu adoraria. Obrigada.’ Então, o fiz no Windsor Theater Royal,” ela relembra, com carinho. Esse foi o mesmo teatro onde realizamos o ensaio de fotos para essa matéria.

Foi essa oportunidade que a levou a novos projetos, incluindo o papel em Calendar Girls e em Accolade, que revitalizaram sua carreira. “Mas tudo isso foi graças a ele. Bill. Ele foi um homem maravilhoso que acreditava em Deus e também acreditava em mim,” Honeysuckle expressa com profunda gratidão.

Infelizmente, Bill Kenwright faleceu no ano passado, mas sua influência e apoio continuam a ressoar na vida de Honeysuckle. Recentemente, para comemorar seu aniversário, ela recebeu a visita da esposa de Bill, Jenny Seagrove. “Ela foi maravilhosa. Ela me trouxe uma linda vela Trinity,” compartilha. Jenny, também uma atriz britânica de grande prestígio, estrelou o famoso filme “Local Hero”, interpretando a heroína Marina, reforçando ainda mais os laços que uniram essas vidas através da arte e do teatro.

Honeysuckle Weeks para D'Idées Magazine, foto por Irina Klimovich
Honeysuckle Weeks para D'Idées Magazine, foto por Irina Klimovich

Em sua nova fase, Honeysuckle está mais empolgada do que nunca com as oportunidades que se apresentam. “O que mais me anima é que tenho a oportunidade de conquistar o resultado desta vez dos projetos que faço,” ela revela.

Além de brilhar nos palcos, Honeysuckle encontrou sua vocação nos bastidores. “Estou escrevendo um roteiro com meu pai sobre os irmãos Wright.” Trabalhar com seu pai é uma experiência especial para ela: “Adoro trabalhar com meu pai. Meu pai me entende e me ama incondicionalmente. Eu o amo e é incrível, maravilhoso trabalhar com ele.”

Para aqueles que desejam seguir uma carreira de ator, Honeysuckle aconselha a nunca desistir. Quando perguntei como ela se vê daqui a 10 anos, ela respondeu com confiança: “Me vejo sendo uma escritora e diretora. Quero fazer o filme que escrevi para Bill Kenwright chamado Devils on Horseback.”

Honeysuckle reflete sobre sua carreira com uma sensação de que o maior desafio ainda está por vir: “Atuar para mim é um presente. É um verdadeiro presente, porque você tem a oportunidade de se expressar. E eu adoro me expressar na frente de outras pessoas.”

Assim como o floral de nome Honeysuckle, conhecido por suas propriedades terapêuticas de ajudar a pessoa a desapegar do passado e a viver no presente, Honeysuckle Weeks também simboliza essa força e resiliência. Sua trajetória foi marcada por momentos de dor e desafios, mas ela encontrou uma forma de florescer novamente, deixando para trás as sombras do passado e se permitindo viver plenamente o presente. A escolha de seu nome não foi por acaso. Sua mãe Susan decidiu chamá-la de Honeysuckle ao sentir o doce perfume das flores que carregam esse nome no dia em que ela nasceu. Desde então, Honeysuckle tem carregado consigo essa essência de persistência e renovação, navegando pelas adversidades com uma força interna que a mantém enraizada e em constante transformação.

Honeysuckle Weeks para D'Idées Magazine, foto por Irina Klimovich
Honeysuckle Weeks para D'Idées Magazine, foto por Irina Klimovich

Aviso de Apoio Psicológico

Se você está enfrentando desafios emocionais ou mentais, é importante buscar apoio profissional. Conversar com um psicólogo pode fornecer a orientação e o suporte necessários para lidar com suas dificuldades. Lembre-se de que pedir ajuda é um passo corajoso e essencial para o seu bem-estar.

Para suporte imediato e confidencial, você pode entrar em contato com o Centro de Valorização da Vida (CVV), que oferece apoio emocional e gratuito 24 horas por dia, 7 dias por semana. Ligue para 188 ou acesse o site cvv.org.br para conversar com um voluntário treinado.

Sua saúde mental é fundamental, e há ajuda disponível para você. Não hesite em buscar o suporte necessário.

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