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Por que não devemos sair trocando de lugar no avião?

Para entender melhor o impacto da numeração dos assentos e os protocolos das companhias aéreas, conversamos com Vitor Vianna, turismólogo e fundador da Agência Aventureiros e com a companhia aérea GOL, que nos esclareceu o papel fundamental da numeração dos assentos na experiência dos passageiros e no gerenciamento das operações de voo.

Nos últimos dias, uma polêmica ganhou as redes sociais: uma mãe pediu a uma passageira que trocasse de lugar com seu filho, que estava chorando porque queria sentar ao lado da janela. Diante da negativa, a mãe decidiu filmar a situação e expor a passageira, que acabou sendo criticada online por não ceder seu assento. O caso gerou debates acalorados sobre o direito ao assento marcado e o que realmente deve ser considerado nessas situações. Afinal, ninguém é obrigado a abrir mão de um lugar previamente escolhido e, mais importante, trocar de assento no avião pode ter implicações que vão além do conforto.

Além da exposição constrangedora, situações como essa ignoram um ponto essencial: a importância da marcação dos assentos. Muito além de um detalhe logístico, essa organização é fundamental para garantir a segurança, o conforto e a eficiência durante o voo.

 

Quando trocar de lugar no avião pode ser um problema?

Outro caso, também comentado na internet, traz um exemplo claro dos riscos de trocar de lugar sem autorização da tripulação. Um passageiro, ao ceder seu assento a uma mulher, não imaginava as consequências que viriam. Pouco depois, a passageira foi flagrada fumando no banheiro — uma prática estritamente proibida e com razões bem justificadas.

Por questões de segurança, é ilegal fumar dentro de aeronaves. O risco de incêndio em um ambiente pressurizado a 10 mil metros de altura é real, além de os detectores de fumaça estarem diretamente conectados ao sistema de alarme da cabine, o que pode causar uma interrupção do voo ou até pousos de emergência. No entanto, como os dados do passageiro original estavam vinculados ao assento, ele foi responsabilizado e acabou sendo banido de voar com aquela companhia aérea.

Esse tipo de situação reforça o quanto a troca de assentos sem mediação da equipe de bordo pode gerar sérias complicações, prejudicando pessoas que, na realidade, não cometeram nenhuma infração.

Para compreender melhor a importância da marcação dos assentos, conversamos com o turismólogo Vitor Vianna, fundador da Agência Aventureiros, e também a companhia aérea GOL, a fim de esclarecer por que esse sistema é crucial para o funcionamento seguro de qualquer voo e quais são as recomendações para evitar transtornos — tanto para você quanto para os demais passageiros.

 

A organização acima de tudo: por que não devemos sair trocando de lugar no avião?

 

De acordo com Vitor, a organização do embarque e desembarque depende diretamente da numeração dos assentos, um reflexo de um sistema que visa evitar confusões e agilizar o fluxo de passageiros. Ele explica:
“Durante a pandemia, a fim de não causar congestionamento e aglomeração no avião, as companhias aéreas no mundo inteiro passaram a adotar o desembarque por fileira. Hoje em dia, isso já não acontece mais, mas o embarque é feito por grupos ou categorias, de acordo com o tipo de bilhete que cada passageiro comprou e o plano de milhagem que possui. Por este motivo, os últimos grupos acabam ficando sem espaço no bagageiro interno do avião e precisam despachar suas malas.”

A numeração dos assentos também desempenha um papel crucial na segurança e no monitoramento dos passageiros durante o voo. Em casos de emergências médicas ou outros imprevistos, ela permite que a tripulação localize rapidamente quem está em cada lugar.
“Cada poltrona tem um número justamente para que cada membro da equipe do avião saiba identificar cada passageiro por seu nome. Em casos de emergências, isso facilita muito na hora de passar a identificação do passageiro para uma equipe médica, por exemplo.”

Com o auxílio da tecnologia, a tripulação ainda tem acesso a sistemas que cruzam dados do assento com os registros de check-in. Como explica Vitor:
“Hoje em dia, através de um tablet, eles conseguem visualizar todas as informações de todos os passageiros pelo assento. Por isso, não devemos nunca mudar de assento sem autorização prévia de um membro da equipe a bordo.”

A troca de assentos, especialmente quando feita sem o conhecimento da equipe de bordo, pode causar sérios problemas. Como Vitor ressalta: “Em caso de pessoas que infringem alguma regra, fica muito mais fácil para a equipe colher todos os dados do passageiro para a companhia aérea. Em casos extremos, através disso, eles podem até mesmo impossibilitar futuros embarques daquele passageiro na companhia.”

Ele ainda alerta para um ponto que muitas vezes passa despercebido pelos passageiros:
“Tudo que o passageiro daquele assento fizer de errado durante um voo ficará registrado no CPF do passageiro que estava designado para aquele assento, e não no outro. Por isso, nunca aceite uma troca de assento de estranhos sem antes comunicar e ter autorização da equipe local do voo.”

 

Quando é permitido trocar de lugar?
Embora as trocas de lugar sejam geralmente desencorajadas, há situações específicas em que elas podem ocorrer, mas sempre sob a supervisão da tripulação.
“Essas situações só podem ser feitas pela equipe de comissários, como por exemplo, quando existe algum passageiro PNAE (Pessoa com Necessidade de Assistência Especial) que precisa de um assento específico ou para sentar ao lado de um parente ou amigo. Mas sempre a equipe entrará em contato com a pessoa para realizar esta troca,” explica Vitor.

Casos como o do passageiro que foi penalizado por ceder seu assento a alguém que acabou infringindo as regras de segurança mostram a importância de educar os viajantes.
“Infelizmente, a melhor forma de educar é mostrando, através de maus exemplos, o quanto isso pode ser prejudicial para ele próprio. Por isso, o ideal é sempre solicitar à equipe de comissários essa autorização, para que eles façam a mudança dos dados no sistema.”

Ao final, a lição que fica é clara: respeitar a numeração dos assentos é muito mais do que uma questão de conforto pessoal. É um ato de responsabilidade que garante a segurança e o bom funcionamento de todo o voo – algo que todos nós, enquanto viajantes, devemos ter em mente antes de tentar mudar de lugar.

 

Com anos de experiência no setor, a companhia aérea GOL reforça os motivos pelos quais os assentos são designados e como isso impacta tanto a logística quanto a segurança do voo. De acordo com a GOL, o processo de numeração de assentos não é aleatório. Ele envolve uma série de critérios destinados a garantir a segurança e o conforto dos passageiros.

“A atribuição de assentos dos Clientes atende a uma série de requisitos: garantia de padrões de segurança, ordenamento de fluxo de embarque e acomodação a bordo, priorização de assentos específicos a grupos de pessoas que a legislação determina obrigatoriedade de prioridade, conferência de Clientes a bordo em caso de necessidade,” explica a companhia.

Embora situações excepcionais possam exigir alterações no procedimento, como falhas de sistema operacional, a GOL enfatiza que, mesmo nesses casos, o embarque sem assentos atribuídos é feito com prioridade para grupos específicos, seguindo as determinações legais.

Quando o assunto é emergência, a numeração desempenha um papel significativo. A GOL destaca que o sistema pode ajudar em situações específicas, como no caso de passageiros com necessidades de assistência especial (PNAE).

Um aspecto importante abordado pela GOL é o vínculo entre o número do assento e as informações pessoais do passageiro. Desde a compra do bilhete, o passageiro insere dados como nome, passaporte e contatos, que ficam registrados junto à reserva.
“Durante a compra, ele já pode marcar assentos, que ficam vinculados aos voos, dentro dessa reserva. Mesmo quando o Cliente não atribui antecipadamente os assentos, eles são atribuídos no ato do check-in, também dentro da reserva,” ressalta a companhia.

Outro ponto levantado pela GOL é a possibilidade de custos adicionais para marcação de assentos específicos, como aqueles com maior espaço para as pernas ou maior reclinação.

No final, seja por questões de segurança, logística ou identificação em situações de emergência, a mensagem é clara: o respeito à numeração dos assentos é essencial e deve ser seguido rigorosamente em qualquer voo. Afinal, cada número atribuído carrega um propósito, que vai muito além da simples localização dentro da aeronave.

 

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