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Como as semanas de moda transformam a arquitetura e a dinâmica urbana

Eventos como a Semana de Moda em diversos países ampliam a relação entre vestuário e espaço urbano, trazendo novas formas de interação entre as pessoas e a cidade

Durante as grandes Semanas de Moda, as capitais do mundo se transformam em algo muito além de vitrines para novas coleções. Paris, Nova York e Milão, entre outras cidades, tornam-se palcos de uma verdadeira sinergia entre moda, arquitetura e comportamento urbano. À medida que os desfiles ganham as passarelas, o próprio espaço público entra em sintonia com a energia criativa que essas semanas trazem, revelando uma nova perspectiva sobre como vivemos e percebemos a cidade.

Por trás desse ponto de vista, está Paula Bragagnolo, fundadora da PGB Inteligência e especialista em moda e arquitetura, que esteve presente em Milão durante a última Semana de Moda. Com anos de experiência analisando a relação entre comportamento urbano e design, Paula oferece uma leitura detalhada de como a moda transforma as cidades – e como a arquitetura, por sua vez, responde a essas mudanças. “A cidade, assim como a moda, é um organismo vivo, ela se adapta e reage às pessoas que a habitam e aos eventos que a movimentam, por esse motivo, durante uma Semana de Moda, essa transformação é ainda mais evidente”, explica Paula.

De acordo com a especialista, as Semanas de Moda não são apenas sobre novas tendências, mas também sobre uma amplificação dos detalhes da cidade que, no cotidiano, muitas vezes passam despercebidos. “Quando as pessoas se vestem de forma mais ousada e experimental, a cidade responde, vemos vitrines mais vibrantes, as fachadas parecem interagir com os looks, e a própria dinâmica das ruas muda, o que antes era um cenário comum se torna extraordinário”, comenta.

Essa troca entre moda e cidade vai além da estética. Paula observa que o comportamento das pessoas também se transforma, influenciado pelo ambiente vibrante e criativo. Para ela, as ruas se tornam passarelas improvisadas, e não é só sobre o que as pessoas estão vestindo, mas como elas interagem com o espaço. “O fluxo de pessoas muda, os olhares se voltam para os detalhes da arquitetura e o próprio ritmo da cidade parece acelerar, existe uma vibração única que só as Semanas de Moda conseguem trazer”, explica.

Esses eventos têm o poder de transformar o espaço urbano em um espetáculo sensorial. Durante a Semana de Moda, a cidade parece nos mostrar aspectos que não notamos no cotidiano. As vitrines ficam mais ousadas, os materiais utilizados nos edifícios ganham novos significados, e até o design das ruas parece se transformar. “A moda amplifica a percepção que temos da cidade”, comenta Paula, que, em seu trabalho na PGB Inteligência, estuda como as cidades evoluem e se reinventam sob a influência do comportamento humano, uma das principais matérias-primas de sua empresa.

Um exemplo claro dessa interseção entre moda e arquitetura está nas coleções de inverno de 2026, que já estão ganhando as vitrines. “As cores predominantes, como preto, cinza e branco, criam uma sensação de profundidade e sofisticação, que se reflete na própria cidade, a arquitetura ressoa essa paleta, seja nas vitrines ou nas fachadas, criando uma sensação de harmonia com o ambiente urbano. Vemos a moda e a cidade em um diálogo visual constante”, analisa Paula.

Mas as transformações não param por aí. Paula observa que as coleções de inverno também trazem contrastes sutis que refletem nas ruas. “Vemos uma combinação interessante entre peso e leveza, as bolsas grandes, os casacos volumosos e as texturas densas dão uma sensação de robustez, mas há um contraste com a leveza de transparências e franjas, que criam movimento e fluidez, isso também acontece com a cidade, que, durante esse período, passa a ser vista com novos olhos, como se cada detalhe estivesse em destaque”, explica.

A interação entre moda e arquitetura não é acidental. Paula Bragagnolo ressalta ainda que esses dois universos são, em essência, expressões culturais que refletem o modo como as pessoas vivem e ocupam o espaço. “A arquitetura molda o comportamento, e a moda molda a percepção que temos da arquitetura. Durante as Semanas de Moda, essa relação fica ainda mais visível. A cidade se adapta ao que está acontecendo nela, e isso é o que torna esses eventos tão únicos”, conclui.

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