Miranda Rae Mayo e a arte de ser heroína, dentro e fora das telas

Miranda Rae Mayo tira uma pausa das intensas filmagens de Chicago Fire para conversar sobre sua carreira, bem-estar e muitas dicas de beleza para a D'Idées, por Mayara Morelli. Em um ensaio de fotos por Alexus McLane.

Antes de começar a ler essa matéria, que tal apertar o play na playlist que a Miranda preparou para nós?

Foi na quarta temporada de Chicago Fire que Stella Kidd entrou em cena pela primeira vez, trazendo consigo uma energia nova e irresistível para a série. De cabelos presos em um coque prático e olhar decidido, a bombeira não demorou a conquistar a equipe da Firehouse 51 – e os corações dos espectadores. Stella não era apenas mais uma adição ao time: ela era força, coragem e vulnerabilidade em igual medida, uma mulher que não hesitava em enfrentar desafios, mas também sabia quando era hora de estender a mão para ajudar.

Na pele dessa personagem cativante, Miranda Rae Mayo trouxe uma profundidade única, que tornou Stella tão real quanto inspiradora.

Para mim, ver mulheres poderosas e suas histórias na tela não apenas me inspira a ser uma pessoa melhor, mas também me oferece um portal para experimentar a sensação de como seria vivê-las no meu próprio corpo. Acho isso muito importante. Isso proporciona a todos acesso a possibilidades maiores do que as que estão vivendo no momento, e é exatamente isso que a vida significa.

Agora, quase uma década depois de sua estreia, ela estrela a nossa capa com uma conversa exclusiva, onde reflete sobre como Chicago Fire moldou sua carreira e também me conta seus momentos mais pessoais – da descoberta de seu primeiro amor nos palcos ao impacto que as pessoas ao seu redor têm em sua trajetória. Entre reflexões sobre beleza, equilíbrio e ambições futuras, ela nos mostra que seu brilho vai muito além das luzes da câmera.

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As revistas digitais da D’Idées foram pensadas para serem lidas como livros atemporais, trazendo histórias que transcendem o momento e inspiram a cada página. Boa leitura! ✨

Há uma presença magnética em Miranda Rae Mayo, algo que vai além da sua atuação como Stella Kidd em Chicago Fire. A atriz californiana comanda as telas com sua intensidade dramática e autenticidade, e também personifica uma dualidade rara: a força de uma heroína de ficção que inspira e a vulnerabilidade de uma artista profundamente conectada à sua arte.

“Esse trabalho me proporcionou inúmeras oportunidades de aprender e crescer. Foi como a experiência universitária mais luxuosa, onde fui paga para aprender, trabalhando com alguns dos profissionais mais habilidosos do setor. Meus colegas de elenco são mágicos e me transformaram mais do que qualquer outra coisa.”

Nascida em Fresno, Miranda Rae Mayo descobriu sua paixão pela atuação no teatro musical, onde os bastidores vibravam com energia, os figurinos traziam histórias à vida, e a comunidade criava uma magia única. “Eu adorava os ensaios, os figurinos, a sensação de comunidade. Na minha cidade natal, havia um dinner theater chamado Roger Rocka’s, e foi lá que trabalhei pela primeira vez como profissional,” relembra. Seu talento foi notado cedo, ainda no teatro da escola, quando interpretou The Wicked Witch of The West, aos 10 ou 11 anos. “Eu me diverti muito,” conta sobre seu primeiro papel como atriz.

No último ano do ensino médio, decidida a estudar teatro musical em um conservatório, sua mãe, uma de suas maiores incentivadoras, a levou para assistir A Cor Púrpura em São Francisco. “Assistir Jeannette Bayardelle cantar I’m Here é algo que eu nunca vou esquecer,” ela conta quando perguntei sobre uma pessoa que a inspirou em sua trajetória.

Pouco tempo depois, Miranda deu o primeiro passo oficial em sua carreira ao encontrar sua primeira empresária. “Ela fez muito além do esperado para me ajudar a começar,” reconhece, demonstrando gratidão pela mulher que abriu as portas do mundo artístico para ela.

Após decidir seguir sua paixão pela atuação, Miranda Rae Mayo fez as malas e se mudou para Los Angeles, lançando-se em busca de seu lugar sob os holofotes. Em 2011, estreou na televisão com uma participação em um episódio da série da NBC Law & Order: LA. Entre curta-metragens e pequenas aparições, Miranda começou a traçar sua trajetória com determinação. Em 2013, conquistou um papel recorrente em The Game, como Patreece Sheibani, e no ano seguinte juntou-se ao elenco de Days of Our Lives, interpretando Zoe Browning. Durante um ano, seu carisma e talento cativaram os fãs da série, abrindo caminho para novas oportunidades.

A cada projeto, Miranda deixava sua marca, aparecendo em séries como Stuck!, Pretty Little Liars, True Detective, Blood & Oil e The Affair. Mas foi em 2016, ao entrar para o elenco de Chicago Fire, que ela consolidou seu espaço no coração dos telespectadores. 

Chicago Fire é único. O elenco, a equipe de produção e os diretores convidados comentam regularmente sobre como nosso set é especial. É um privilégio trabalhar no programa, e não consigo compará-lo com nada que já fiz. Estar na série tem sido como uma oportunidade única na vida em muitos aspectos, mas o maior deles é conhecer, observar e amar essas pessoas.

Desde sua estreia em Chicago Fire, Miranda se tornou parte fundamental da trama, dando vida a Stella Kidd, uma personagem que rapidamente conquistou os fãs da série. Stella é uma bombeira habilidosa, uma mulher resiliente, complexa e cheia de camadas, que trouxe novas dinâmicas ao universo já tão querido pelo público. Perguntei a Miranda sobre o processo de construção de Stella, e ela descreveu de forma prática e colaborativa: “Foi um dia de cada vez, roteiro por roteiro. Acaba sendo um processo muito colaborativo. Nesse tipo de série, há muitas pessoas envolvidas, e faço o meu melhor para ouvir o que cada uma tem a dizer”.

A cada episódio, Miranda empresta à personagem uma autenticidade que cativa e inspira, fazendo de Stella Kidd um dos pilares emocionais da série. É como se, ao interpretar Stella, Miranda estivesse canalizando não apenas suas habilidades, mas também a profundidade de suas próprias experiências. Curiosa sobre a conexão entre atriz e personagem, quis saber se há alguma qualidade de Stella que ela admira e aplica em sua própria vida. Miranda respondeu prontamente: “Adoro o jeito como Stella enfrenta os problemas que todos evitam. Ela não hesita”. 

Perguntei também se ela acredita que há aspectos de sua própria personalidade que se conectam com Stella. “Nós duas podemos ser bem competitivas”, confessou, antes de acrescentar com humor: “Além disso, nossas estruturas corporais são muuuito parecidas. É impressionante”.

Ao longo de quase uma década em Chicago Fire, Stella Kidd viveu uma jornada repleta de altos e baixos que marcaram sua trajetória na série. Desde sua chegada ao Batalhão 51, ela enfrentou desafios profissionais, como provar seu valor como bombeira, e pessoais, como lidar com traumas e incertezas sobre o futuro. Um dos momentos mais intensos da personagem ocorre no episódio 2 da 7ª temporada, intitulado “Going to War”. Durante um incêndio devastador em um prédio de apartamentos, Stella fica sem oxigênio por um período crítico, resultando em graves lesões pulmonares que ameaçam sua posição na equipe. Sua recuperação, detalhada no episódio seguinte, “When to Let Go”, destaca sua determinação e resiliência, características que a definem ao longo da série. 

Além disso, Stella também desenvolveu uma relação que se tornou um dos pilares emocionais da série: seu romance com Kelly Severide, interpretado por Taylor Kinney. O casal “Stellaride”, como foi apelidado pelos fãs, conquistou corações com sua química e sua capacidade de enfrentar juntos os desafios que surgiam no caminho. Perguntei a Miranda sobre os momentos mais difíceis de interpretar, e ela relembrou com sinceridade: “Sempre que achavam que o Severide estava morto, meu corpo congelava. Eu respirava fundo e fazia o meu melhor para estar emocionalmente disponível”. Esses momentos de tensão trouxeram uma profundidade única à narrativa, mostrando como a conexão entre Stella e Severide ultrapassa as telas, tornando-se um dos romances mais amados pelos espectadores.

Miranda Rae Mayo

“Chicago Fire” é uma série que transborda emoções intensas, refletindo o dia a dia do departamento de bombeiros de Chicago. A cada episódio, o público é levado a acompanhar histórias de coragem e heroísmo que capturam tanto os desafios físicos quanto os dilemas emocionais enfrentados pela equipe. A trama revela a humanidade por trás das fardas e dos equipamentos de proteção, mostrando o impacto dos resgates tanto para os bombeiros quanto para aqueles que têm suas vidas salvas. Ao recordar um dos momentos que mais a marcaram, Miranda compartilhou: “Lembro de Herrmann em um episódio, deve ter sido na 10ª ou 11ª temporada. Havia um SUV preso sob algum tipo de colapso. O teto estava caindo sobre o motorista, um senhor mais velho, e Herrmann não saiu sem garantir que o homem estivesse a salvo. Ele foi tão carinhoso com ele, assegurando-o o tempo todo. Lembro de pensar: ‘Ah, sim, é sobre isso que a nossa série se trata’.” Esses momentos de humanidade e empatia são o coração pulsante da série, conectando o público às histórias que vão muito além das chamas.

Apesar de toda essa experiência, Miranda mantém uma perspectiva humilde e inspiradora. “Gosto de pensar que ainda estou no início da minha carreira,” reflete. 

Quando questionada sobre os maiores desafios desse caminho e como faz para superá-los, sua resposta é direta e cheia de autoconhecimento: “Meu maior desafio é sempre o ego. A baixa autoconfiança, sair do medo e entrar no amor. Superar, para mim, tem exigido pedir ajuda e não desistir.”

Miranda Rae Mayo

Fora das telas, Miranda demonstra um cuidado genuíno com o bem-estar e a beleza, algo que ela incorpora ao seu dia a dia mesmo com as demandas intensas de trabalho e gravações. Ao falar sobre como mantém a pele e o cabelo saudáveis, Miranda credita isso à força da comunidade que a cerca: “As mulheres com quem trabalho! Karen Brody, chefe do nosso departamento de maquiagem em Chicago Fire, é a razão pela qual minha pele brilha. O mesmo vale para Jada Richardson, minha cabeleireira.” Além disso, Miranda menciona um aliado especial em sua rotina: um pó verde chamado Adaptazen, que ela consome diariamente. 

Quando questionada sobre como sua relação com a beleza mudou ao longo dos anos trabalhando de perto com profissionais de cabelo e maquiagem, ela revelou que adotou truques preciosos. Um deles, que aprendeu com Karen, revolucionou sua rotina: “A ordem das etapas de maquiagem que ela usa mudou tudo para mim: sombra primeiro, depois corretivo, e então ela mistura o primer com a base antes de aplicar.” 

A busca pelo equilíbrio entre sua vida profissional e pessoal é algo que Miranda leva muito a sério. Ela compartilha que encontrou formas de integrar o cuidado com o corpo e a mente à sua rotina intensa de trabalho. Para ela, beleza e autocuidado caminham lado a lado, sendo essenciais. Ela reforça que, além dos truques de maquiagem que aprendeu ao longo dos anos, sua rotina de cuidados com a pele é um dos pilares de seu bem-estar. “Minha rotina de cuidados com a pele é bem simples, eu limpo com Bioderma, o frasco rosa, aplico o sérum B5 e depois hidrato com La Roche-Posay. Adicionar o B5 à minha rotina mudou tudo para a minha pele”, conta. Quando o assunto é maquiagem, Miranda gosta de manter a simplicidade, confiando em marcas como a Honest Beauty, de Jessica Alba, para dar um toque natural ao seu rosto. Perguntei se há algum item que ela considera indispensável em seu dia a dia: “Ah não, garota, é tudo luxo. Mas meus cuidados com a pele e o B5 realmente fizeram minha pele tão feliz que não quero viver sem. Também a manteiga de cacau. Seria difícil viver sem a minha manteiga de cacau de manga.” (ela compartilhou a marca e a fragrância: BodyButterLady – manga). 

Miranda Rae Mayo

Enquanto Miranda continua a trilhar seu caminho brilhante nas telas, sua vida fora delas revela uma pessoa igualmente dedicada e apaixonada por causas maiores. Desde 2023, ela integra o Conselho de Diretores da Holistic Life Foundation, uma organização sem fins lucrativos, liderada por pessoas BIPOC* (um acrônimo que significa Black, Indigenous, and People of ColorNegros, Indígenas e Pessoas de Cor em português), localizada em Baltimore, Maryland. A fundação tem como missão melhorar o bem-estar social, educacional, emocional e ambiental de comunidades em situação de vulnerabilidade, por meio de práticas como ioga, mindfulness e iniciativas de saúde. Miranda compartilha o compromisso com esse trabalho, ressaltando a importância de empoderar indivíduos e famílias, ao mesmo tempo que fortalece a conexão vital entre as pessoas e o ambiente ao seu redor.

Nos momentos em que não está nos sets de filmagens, ela busca o equilíbrio em atividades simples, mas profundamente gratificantes. “Passo tempo com minha família, assisto a peças de teatro, canto, cozinho e me delicio com comidas incríveis”, revela. Entre as tarefas cotidianas e os desafios de sua carreira, Miranda encontra refúgio naqueles momentos que lhe permitem reconectar-se consigo mesma e com as pessoas que ama.

E quando a vida parece desafiadora, ela se ancora em uma filosofia de perseverança: “A dor é temporária. Isso também vai passar”. Uma frase simples, mas que carrega a força de um lembrete constante da transitoriedade dos momentos difíceis e da importância de seguir em frente.

Embora tenha conquistado tanto no mundo da televisão, Miranda ainda cultiva sonhos e ambições. O teatro e os musicais de cinema permanecem como suas maiores paixões. “Esse é o meu maior sonho”, compartilha com entusiasmo. “Eu amo Chicago, Rent, In the Heights. Há uma magia naquele tipo de cinema que me encanta. Estou super ansiosa para ver Wicked (quando conversamos, o filme ainda não havia estreado). Tipo… literalmente não posso esperar”, completa. Com uma visão voltada para o futuro e uma paixão imensa pela arte, ela não para de sonhar e de buscar novas oportunidades que a desafiem a expandir seus horizontes artísticos.

Agora, com a nova temporada de Chicago Fire prestes a estrear, ela retorna ao papel de Stella Kidd, prometendo mais momentos emocionantes, desafios e superações. Não perca a estreia da temporada, que chega ainda este mês no Universal Channel.

*BIPOC é um acrônimo que significa Black, Indigenous, and People of Color (Negros, Indígenas e Pessoas de Cor). Ele é utilizado para se referir a grupos de pessoas que pertencem a comunidades historicamente marginalizadas e que enfrentam desafios sociais, econômicos e raciais. O termo busca dar visibilidade a essas populações, destacando as diferentes experiências de opressão e discriminação vivenciadas por cada grupo, sem generalizar as questões enfrentadas por todos.

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