A única deficiência na vida é uma má atitude.
Neste mês de março, vamos desafiar essa ideia.
É hora de amplificar as vozes de mulheres incríveis com deficiência que estão quebrando barreiras e transformando suas indústrias. Do ativismo e do direito à moda, entretenimento e mídia, essas mulheres estão reescrevendo a narrativa da deficiência e mostrando que força, criatividade e talento não têm rótulos. Honrando suas conquistas e reconhecendo seu poder de moldar um futuro mais inclusivo e diverso, aqui estão dez mulheres com deficiência que você precisa conhecer:

Judith “Judy” Heumann (EUA)
Judy Heumann é frequentemente chamada de “Mãe do Movimento pelos Direitos das Pessoas com Deficiência”. Ela dedicou sua vida a defender os direitos das pessoas com deficiência e promover mudanças nas políticas públicas. Aos 18 meses, Judy contraiu poliomielite e passou a usar cadeira de rodas. O choque veio quando ela atingiu a idade escolar: foi negado seu acesso à educação, sendo permitida apenas duas horas semanais com um tutor em casa. Seus pais lutaram contra essa decisão, e essa experiência, junto com seus verões no “Camp Jened”, ajudou Judy a se tornar uma defensora incansável da causa. Seu ativismo foi a força motriz para conquistas fundamentais nos direitos das pessoas com deficiência nos EUA, incluindo a Seção 504 e a aprovação da Lei dos Americanos com Deficiências (ADA). Ao longo de sua carreira, Judy trabalhou para garantir que pessoas com deficiência tivessem acesso à educação, emprego e serviços públicos. Seu trabalho moldou a defesa dos direitos das pessoas com deficiência no mundo todo, e o filme Crip Camp, que inclui suas experiências formativas, foi indicado ao Oscar e venceu o Prêmio do Público no Festival de Sundance de 2020, além do Prêmio Zeno Mountain no Festival de Cinema de Miami do mesmo ano.

Yetnebersh Nigussie (Etiópia)
Yetnebersh é uma advogada etíope e defensora dos direitos das pessoas com deficiência. Ela perdeu a visão aos 5 anos, mas descreve esse evento como uma oportunidade, pois a impediu de ser forçada a um casamento infantil, algo comum em sua região natal. Na universidade, presidiu o movimento Anti-AIDS da Universidade de Addis Abeba e fundou a Associação de Estudantes Mulheres. Durante sua atuação, recebeu vários prêmios, incluindo o prêmio AMANITARE (Parceria Africana para Saúde e Direitos Sexuais e Reprodutivos de Mulheres e Meninas), por sua forte defesa da educação feminina. Essa líder inspiradora também trabalhou voluntariamente em mais de 20 organizações. Em 2017, foi uma das vencedoras do Prêmio Right Livelihood, conhecido como “Prêmio Nobel Alternativo da Paz”. Graças à sua dedicação, Yetnebersh tornou-se uma das principais vozes na África pela inclusão das pessoas com deficiência na sociedade.

Sheetal Devi (Índia)
Sheetal Devi é uma arqueira paraolímpica que fez grandes avanços no mundo do esporte. Nascida com uma deficiência nos membros em uma vila remota na Índia, ela superou expectativas e representou o país em diversas competições internacionais, incluindo os Jogos Paralímpicos de Paris 2024. Ela conquistou a medalha de bronze, tornando-se a medalhista mais jovem da Índia aos 17 anos. Nesse evento, também quebrou dois recordes mundiais: maior pontuação na rodada de eliminação feminina de 1/16 e maior pontuação na qualificação mista em equipe, ao lado de Rakesh Kumar. Antes disso, em apenas 11 meses de treinamento, competiu nos Jogos Para Asiáticos de 2022 e ganhou duas medalhas de ouro. Em 2023, foi eleita a Melhor Arqueira Paraolímpica do Ano pela World Archery. O envolvimento no esporte permitiu que Sheetal escapasse da pobreza e viajasse pelo mundo, sendo um exemplo da importância da inclusão no esporte.

Marlee Matlin (EUA)
Marlee Matlin é atriz, ativista e autora, tornando-se a primeira mulher surda a ganhar um Oscar pelo filme Filhos do Silêncio. Apesar da escassez de papéis para surdos em Hollywood, ela se manteve ativa na televisão e na defesa dos direitos dos surdos e das crianças. Ganhou vários prêmios, incluindo um Globo de Ouro, além de indicações ao BAFTA e quatro Emmys. Em 2009, recebeu uma estrela na Calçada da Fama de Hollywood.
Sobre sua surdez, Marlee leva tudo com bom humor, frequentemente dizendo: “Eu consigo ouvir às quartas-feiras”, brincando sobre as pessoas esquecerem que ela usa um intérprete ao atender chamadas no viva-voz. Seu trabalho no cinema e na televisão ajudou a aumentar a conscientização sobre a importância da representatividade dos surdos na indústria do entretenimento.

Victoria Canal (EUA)
Victoria é cantora e compositora, ganhando destaque em 2021 quando foi notada por Chris Martin, vocalista do Coldplay. Nascida com uma diferença nos membros, mas vinda de uma família musical, começou aulas de piano e canto clássico aos seis anos. Em 2023, ganhou o prêmio Ivors Academy Rising Star da Amazon Music e o Attitude Pride Icon Award. Em junho de 2024, se apresentou ao lado do Coldplay no Festival de Glastonbury. Além de sua carreira musical, Victoria é uma forte defensora da representatividade LGBTQIA+ e das pessoas com deficiência nas artes.

Izabel Maior (Brasil)
zabel Maior é médica e ativista pelos direitos das pessoas com deficiência no Brasil. Diagnosticada com poliomielite na infância, enfrentou inúmeros desafios para acessar a educação e tornou-se a primeira médica brasileira com deficiência motora a se formar pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Sua trajetória é marcada por uma luta incansável pela inclusão e acessibilidade. Izabel foi a primeira Secretária Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência no Brasil, onde liderou políticas públicas fundamentais, incluindo a elaboração do Estatuto da Pessoa com Deficiência. Seu trabalho foi essencial para garantir que direitos básicos, como mobilidade, trabalho e participação social, fossem reconhecidos e respeitados. Atualmente, Izabel continua sendo uma das principais vozes na defesa da acessibilidade e da inclusão, influenciando políticas públicas e inspirando novas gerações de ativistas.

Isabella Springmuhl Tejada (Guatemala)
Isabella é uma designer e empreendedora da Guatemala que está revolucionando a moda. Nascida com Síndrome de Down, foi rejeitada por duas universidades, mas não desistiu de seu sonho de se tornar uma estilista famosa. Criou sua própria marca de roupas e acessórios, Down to Xjabelle, focada em sustentabilidade ao reutilizar tecidos locais e feitos à mão. Suas peças misturam tecidos tradicionais guatemaltecos com um toque jovem e vibrante. Isabella desafia visões tradicionais sobre deficiência na moda e inspira inclusão no setor.

Terezinha Guilhermina é uma das maiores velocistas paralímpicas da história, referência mundial no atletismo para deficientes visuais. Nascida com retinose pigmentar, uma condição genética que causa perda progressiva da visão, encontrou no esporte uma forma de superação e empoderamento. Com uma trajetória brilhante, Terezinha conquistou múltiplas medalhas de ouro em Jogos Paralímpicos, Campeonatos Mundiais e Parapan-Americanos, sendo reconhecida por sua velocidade impressionante e determinação inabalável. Além de atleta de alto rendimento, tornou-se um símbolo da luta por inclusão no esporte e na sociedade, inspirando novas gerações de atletas com deficiência. Seu carisma e talento também a levaram a participar do programa Dança dos Famosos, aumentando ainda mais a visibilidade das pessoas com deficiência no entretenimento. Com uma carreira marcada por recordes e conquistas, Terezinha continua a ser um exemplo de resiliência e excelência no esporte.

Madeline Stuart (Austrália)
Madeline Stuart é uma supermodelo pioneira na indústria da moda, sendo a primeira modelo com Síndrome de Down e Autismo a alcançar fama global. Desde sua estreia em 2015, já desfilou em grandes semanas de moda, como Nova York e Paris, e trabalhou para marcas como Hugo Boss, Ralph Lauren e Tommy Hilfiger. Também fundou a Inside Outside Dance, uma companhia de dança para jovens com deficiência, e lançou sua própria linha de roupas, 21 Reasons Why. Seu trabalho continua promovendo a inclusão na moda.

Pequena Lo (Brasil)
Lorrane Karoline Batista Silva, mais conhecida como Pequena Lo, é psicóloga, influenciadora digital e apresentadora de TV brasileira. Nascida com uma síndrome rara que afeta seus membros, usa muletas para se locomover. Formada em psicologia, ganhou fama durante a pandemia ao viralizar no TikTok, onde tem mais de 6 milhões de seguidores. Em 2020, entrou na lista Forbes Under 30. Em 2021, tornou-se comentarista fixa do programa Plantão BBB, da TV Globo. Além de participações na TV e no cinema, Pequena Lo é uma voz ativa contra o capacitismo, usando seu carisma e humor para combater estereótipos na sociedade.