Em um cenário onde a autenticidade e a sustentabilidade são mais valorizadas do que nunca, Kartik Kumra vem emergindo como um dos nomes mais promissores da nova geração da moda masculina internacional. À frente da Kartik Research, o jovem designer indiano tem como missão resgatar e preservar as tradições têxteis de seu país — e projetá-las ao mundo em peças contemporâneas, sofisticadas e profundamente enraizadas na cultura local.
Aos 20 anos, Kumra fundou a Kartik Research em Nova Délhi com o desejo de criar uma moda que dialogasse com o passado sem abrir mão da inovação. Para isso, ele estabeleceu parcerias diretas com artesãos de diversas regiões da Índia, trabalhando com métodos tradicionais de tecelagem manual, tingimento natural e bordado ancestral. O resultado são peças que mais do que vestem: contam histórias.

“Há um valor espiritual no fazer manual. Eu queria provar que é possível preservar essas práticas centenárias e, ao mesmo tempo, apresentar algo novo para o mercado de moda global”, declarou o designer em entrevista ao Vogue Business.
Essa abordagem consciente e culturalmente conectada fez com que a marca ganhasse rapidamente reconhecimento internacional. Em 2023, Kumra tornou-se semifinalista do Prêmio LVMH e, no ano seguinte, estreou na Paris Fashion Week, sendo o primeiro indiano no calendário oficial da temporada masculina. Críticos da moda passaram a compará-lo a nomes como Bode e Kiko Kostadinov — estilistas que também constroem narrativas autorais a partir de heranças culturais e afetivas.
Na coleção outono/inverno 2025, por exemplo, Kumra apresentou casacos bordados à mão, calças tingidas com ervas naturais e camisas confeccionadas em tear manual — elementos que refletem a preocupação com o tempo do fazer e com a preservação de técnicas que poderiam desaparecer. Tudo isso sem perder o frescor e o apelo contemporâneo que conquista o público mais jovem.
Atualmente, a Kartik Research está presente em mais de 50 pontos de venda pelo mundo, incluindo Selfridges, Dover Street Market, SSENSE e The Webster. A marca projeta uma receita de mais de US$ 3 milhões até o fim de 2025, com um crescimento anual de 80%.

Para Kumra, no entanto, o sucesso não se mede apenas por números: “Minha maior ambição é que, daqui a cem anos, as pessoas encontrem uma peça da Kartik Research em um brechó e digam: ‘Isso é uma relíquia’. Quero que minhas roupas sejam o vintage do futuro indiano”.
A D’Idées celebra vozes como a de Kartik Kumra, que nos lembram que a verdadeira inovação muitas vezes nasce do olhar sensível para as raízes. Em um mundo acelerado, há beleza — e resistência — em quem escolhe o caminho do cuidado, da história e da memória.