Reclamar afeta a sua saúde mental

Especialista explica como reclamar pode ser uma válvula de escape que não é saudável para o cotidiano

Por que as pessoas reclamam? Pesquisas recentes mostram que a maioria das pessoas reclamam pelo menos uma vez por minuto durante uma conversa. E tem mais: essa reclamação constante reprograma o cérebro para tornar reclamações futuras mais prováveis, o que acaba por danificar o órgão. Pesquisadores da Universidade de Stanford já mostraram que reclamar encolhe o hipocampo, uma área que é responsável pelo pensamento inteligente e pela resolução de problemas.

“O nosso cérebro, diante do desconforto, ele sempre vai buscar alguma válvula de escape. Sempre que você, por exemplo, tende a querer focar em alguma coisa, mas você começa  já cansado daquilo, automaticamente, você sabe que o seu cérebro vai buscar alguma outra fonte de informação. Então, diante do desconforto, o cérebro busca um novo estímulo, busca uma válvula de escape, afinal, há desconforto. E obviamente, quando você tem algo que te gera desconforto, a gente precisa achar algo que nos conforte da melhor maneira possível. Sendo isso uma conduta do nosso cérebro, por que será que ele acaba escolhendo a reclamação? Depende muito”, explica André Buric, especialista e mestrando em neurociência comportamental pela King’s College de Londres e criador da academia cerebral Brainpower.

Isso acontece porque nosso cérebro gosta de eficiência. Ações eficientes gastam menos energia e ele é programado para preservar o máximo de energia que consegue. Quando ele aprende um comportamento e passa a repeti-lo, como reclamar, os neurônios se organizam para facilitar o fluxo de informações, tornando o hábito cada vez mais fácil e fazendo com que, com o tempo, a pessoa se torne mais negativa do que positiva. Reclamar é tentador porque faz sentir bem, assim como fumar, comer gordura e se entupir de bebida alcóolica – mas não faz bem para o nosso corpo.

“Tem cérebro de pessoas que quando tem algo que é desconfortável, a pessoa simplesmente mata no peito e fala: ‘Dá aqui, eu vou resolver isso’. Mas, existe o grupo do 99% que diante de qualquer uma dessas coisas, uma pessoa que não faz algo de acordo com a sua expectativa, algo que de fato seja um problema no mundo, ou qualquer outra coisa, a resposta de um cérebro fraco é reclamar.”, completa Buric.

Com o tempo, a pessoa tende a se tornar uma “reclamadora crônica”, daquelas que ninguém consegue ficar perto ou estabelecer um diálogo. Mas é preciso entender que reclamar não ajuda a solucionar problemas, não traz felicidade, muito pelo contrário. Entender os motivos por trás da reclamação é que podem abrir um caminho para a resolução dos problemas.

“Essas pessoas geralmente gostam de dizer ‘Ah não, mas é o meu direito reclamar’. Tudo bem, é o seu direito reclamar, mas não é o seu direito e nem obrigação da outra pessoa ouvir a sua reclamação.”, finaliza o especialista.

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